INTERNACIONALIZAÇÃO

UnB estabelece convênio com conglomerado industrial. Instituição da capital também estende cotutela de estudantes com a Universidade Paris-Saclay

 

O mês de junho foi marcado por aproximações estratégicas entre a Universidade de Brasília e organizações francesas. Em Paris, gestores da UnB firmaram convênio do Programa Campus do grupo de tecnologia Safran, desenvolvedor de motores para aviação e equipamentos biométricos. O acordo prevê a realização de eventos acadêmicos no Brasil e abre portas para contratações de jovens talentos. A missão na capital europeia também reforçou parceria com a Universidade Paris-Saclay para doutorados em Engenharia.

 

"Esses acordos são mais um capítulo importante na tradicional e exitosa história de parcerias entre a UnB e a França", diz o reitor da UnB, Ivan Camargo. Em companhia do diretor da Faculdade de Tecnologia, Antônio Brasil Junior, e do líder do grupo de pesquisa em Fadiga, Fratura e Materiais da Engenharia Mecânica, José Alexander Araújo, ele compareceu ao Paris Air Show, evento que reuniu representantes de gigantes da aviação internacional e visitou instituições de ensino locais.

 

Para o reitor, as cooperações são indicadores da qualidade da formação na Universidade. "Continuamos formando quadros de alto nível e as instituições externas reconhecem isso", afirma ele, que é mestre e doutor em Engenharia Elétrica pelo Instituto Nacional Politécnico de Grenoble.

 

Antônio Brasil avalia que a parceria com o grupo Safran "permitirá suporte desse importante e estratégico parceiro do setor aeroespacial mundial às ações de formação em diferentes áreas da Engenharia". O diretor destaca a atuação dos pesquisadores da Engenharia Mecânica que articularam a aproximação com setores industriais e acadêmicos do país europeu. "Esse esforço representa grande avanço nas atividades de cooperação internacional da FT", afirma.

Paris Air Show reúne potências da indústia da aviação.

 

PERSPECTIVAS – O convênio com a Safran vai permitir apresentações na UnB de importantes áreas do conglomerado empresarial que tem mais de 60 mil funcionários e faturou 15,4 bilhões de euros no ano passado. Além da troca de informações em um segmento ultraespecializado, a expectativa é de que a aproximação com setores de Engenharia da UnB proporcionem oportunidades de estágio e emprego a estudantes e egressos.

 

Para o professor José Alexander, o interesse do empresariado europeu é indicador da qualidade do ensino e da pesquisa desenvolvida na Universidade. "A UnB forma engenheiros de primeira linha e a assinatura do convênio reforça essa mensagem", diz.

 

Alexander informa que diretores do grupo francês relataram a intenção de expandir a atuação no Brasil, onde a empresa desenvolve turbinas e motores. "Eles falam em duplicar o número de profissionais no país e a UnB pode contribuir para a formação desses novos quadros", diz.

Professor José Alexander com a máquina de ensaio de fadiga. Gabriela Studart/UnB Agência

 

 

A relação com setores da indústria tem sido determinante para o andamento de pesquisas e a viabilidade de laboratórios do Departamento de Engenharia Mecânica. Máquinas como as de ensaios de fadiga de contato têm manutenção bianual de mais de R$ 50 mil e dependem de financiamento externo. A UnB conta com cinco desses equipamentos, destinados a testar a qualidade e a resistência de materiais. Um deles, recém-instalado, está entre os três únicos do mundo disponíveis em universidades.

 

COTUTELA – Outro saldo da missão na França foi a extensão dos acordos de cotutela e cofinanciamento com a ENS Cachan e a Centrale-Supelec, instituições que compõem o consórcio universitário Paris-Saclay, concebido para ser um dos maiores centros de pesquisa do mundo.

 

Na cotutela, os doutores recebem diplomas das duas instituições em que realizaram pesquisas. A UnB recebeu dois estudantes e enviará outros dois à Paris-Saclay. Há oitos meses em Brasília, a doutoranda francesa Barbara Ferry elogia a expertise brasileira na área de fadiga de materiais e considera "importante a possibilidade de pesquisar com a orientação de tutores dos dois países".

Barbara Ferry faz pesquisas para sua tese no Brasil e na França. Gabriela Studart/UnB Agência

 

O professor José Alexander entende que os acordos de cotutela contribuem para a internacionalização da UnB. "O aumento da produção acadêmica conjunta com instituições como a Paris-Saclay é importantíssimo para o desenvolvimento e a projeção de nossas pesquisas", afirma.

 

REPERCUSSÃO – A visita da delegação da UnB foi destacada na página oficial de Paris-Saclay na internet. A publicação menciona o encontro de Ivan Camargo com o reitor da instituição francesa, Gilles Bloch, e destaca o relacionamento entre os países e as universidades. "A cooperação entre França e Brasília no campo científico e acadêmico é muito importante e reflete elevado potencial de pesquisa e desenvolvimento", aponta trecho do texto.