LICENCIATURAS

Representantes do Conselho Nacional de Educação trouxeram dados sobre desigualdade do ensino em relação a estratos econômicos no Brasil

Professora Malvina falando
Decana de Ensino de Graduação, Cláudia Garcia, reitora Márcia Abrahão e coordenadora da CIL, Isabel Montandon, compuseram a mesa de abertura do fórum de licenciaturas. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

A Coordenação Integrada de Licenciaturas (CIL) do Decanato de Ensino de Graduação (DEG) promoveu, nesta terça-feira (6), o VIII Fórum de Licenciaturas da UnB, com o tema Desafios para a formação docente no Brasil atual: a perspectiva do CNE. O debate, realizado no auditório do Bloco de Salas de Aula Norte (BSAN), contou com a presença dos professores Joaquim Soares Neto e Malvina Tuttman, ex-presidentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e membros do Conselho Nacional de Educação (CNE).

 

Isabel Montandon, coordenadora da CIL, abriu o evento, que contou com a presença da Decana de Ensino de Graduação, Cláudia Garcia, e da reitora Márcia Abrahão. “É o primeiro encontro que promovemos nesta gestão e pretendemos ter essas discussões mensalmente”, anunciou Isabel. “Precisamos discutir a formação docente e o papel da UnB nesse âmbito”, completou a decana Cláudia.

 

“Nossa missão é não apenas apoiar, mas fortalecer e integrar as licenciaturas. Faço questão de participar desse processo”, pontuou a reitora, ao lembrar que a professora Isabel realizou cinco fóruns voltados ao tema quando ambas trabalhavam no DEG, no início da década.

"Eu acredito na nossa profissão. Acho-a uma das mais belas", disse Malvina Tuttman. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

DADOS  O debate teve início com a apresentação da professora Malvina, que lembrou de momentos históricos da UnB e discorreu principalmente sobre a Resolução nº 2/2015 do CNE. “Ela traz a valorização dos profissionais de educação e é importante para que os professores acreditem em si e a universidade possa se comprometer com o esforço qualitativo”, disse. 

 

“Quando não discutimos essas questões em espaço institucional as mudanças não acontecem e fica difícil melhorar”, afirmou, ao elogiar a iniciativa da UnB em debater o tema.

 

Em consonância com as afirmações de Malvina, o professor Joaquim Soares Neto apresentou dados que corroboram a necessidade de incentivo à formação de educadores no ensino pré-universitário. Para ele, os estudantes de escolas privadas têm melhores notas em avaliações e, ao chegar à universidade, demonstram mais domínio dos temas.

 

“A distribuição de desempenho por nível socioeconômico revela a absurda desigualdade de rendimento na educação. Essa tabela não deveria estar deslocada para a direita, e sim desenvolvida igualmente”, comentou, ao projetar dados dos resultados de avaliação em língua portuguesa cruzados com renda familiar.

 

“A desigualdade dobrou de 2005 a 2013”, disse Soares Neto. Em 2005, a média de pontos obtida pelos estudantes de renda mais baixa era de 168 e da mais alta, 188,34. Uma diferença de 20,34 pontos. Em 2013, essa diferença mais que dobrou, passando para 42,69. “As instituições públicas, de acordo com dados de 2015, têm 4.180 dos 7.629 cursos de licenciatura do país, o que corresponde a 55% do total. Mesmo assim, só formamos 33% desses profissionais”, analisou.

Joaquim Soares Neto apresentou dados que relacionam educação e estratificação econômica no Brasil. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

“Isso mostra a necessidade de nos colocarmos como formadores de políticas públicas e discutirmos como está a formação desses profissionais nas nossas universidades”, acrescentou a coordenadora da CIL, Isabel Montandon.

 

Após a conclusão das exposições, os participantes puderam fazer considerações e perguntas sobre o tema. “Temos que discutir, além da formação, as condições em que esses profissionais trabalham”, considerou a professora Rosana Carneiro, da Secretaria de Educação do Distrito Federal, ao citar os índices de adoecimento psíquico, osteopatias e problemas de voz entre os profissionais da área.

 

Montandon adiantou que novos ciclos de debates serão propostos para contemplar essas questões. A ideia da coordenadora é organizar encontros mensais para pensar a responsabilidade da UnB relativamente à formação de professores. “Isso se faz necessário para sermos atuantes e nos posicionarmos como fomentadores de políticas públicas”, avaliou.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.