HOMENAGEM

Coautora da proposta que deu origem à política de cotas na UnB, a professora teve seu perfil publicado no blog internacional Heroínas.com

Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

A antropóloga argentina Rita Laura Segato tem sido destaque no meio político e acadêmico por suas contribuições no campo dos Direitos Humanos. Agora, o blog internacional heroinas.blogspot.com publicou o perfil da pesquisadora no hall mundial de homenagens a mulheres que colaboraram e colaboram para a construção de uma sociedade igualitária.

 

“Estou muito feliz. É um reconhecimento que me coloca em uma galeria de personagens que admiro intensamente, de várias épocas históricas e de diferentes países”, declara. Além de Segato, o blog prestigia ativistas como a liberiana Leymah Gbowee, ganhadora do Nobel da Paz; a intelectual estadunidense Donna Haraway; a escritora mexicana Elena Poniatowska; e outras personalidades das artes, das letras, das ciências e da vida política.

 

"Heroína é um título justo e belo para a trajetória de Rita Segato pela igualdade e justiça no Brasil", defende Debora Diniz, professora da Faculdade de Direito. No final da década de 1990, Rita Segato foi orientadora da pesquisa de doutoramento de Debora. “Aprendi com ela mais do que antropologia. Ela me ensinou a pensar como uma feminista”, aponta a vice-presidente do conselho da International Women's Health Coalition.

 

Ph.D. em Antropologia pela Queen's University of Belfast na Irlanda do Norte, Rita Segato foi professora do Departamento de Antropologia da UnB durante vinte e cinco anos. Atualmente, leciona no Departamento de Saúde Coletiva e nos programas de pós-graduação em Bioética e em Direitos Humanos e Cidadania (PPGDH).

 

É também pesquisadora de nível máximo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) há dezesseis anos, onde coordena o grupo de pesquisa Antropologia e Direitos Humanos.

 

As pesquisas de Segato se propagam por temas diversos, como raça, etnicidade, religiões e nação; gênero, violência e femigenocídio; pluralismo jurídico e pluralismo bioético; antropologia e direitos humanos. “A professora é uma referência teórica e prática dos direitos humanos que oferece ao programa uma postura exemplar docente”, aponta a coordenadora do PPGDH, Nair Bicalho.

Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

INICIATIVAS - Uma das primeiras vozes a defender o sistema de cotas no Brasil, Rita Segato é coautora, em parceria com o antropólogo José Jorge de Carvalho, da primeira proposta que deu origem à política de cotas raciais na educação superior brasileira.

 

O projeto, apresentado na Universidade de Brasília em 1999, foi implantado em 2004, depois de um longo e difícil debate dentro da instituição. “Lembro de sua solidão e coragem em avançar em uma ideia única no país”, destaca Debora Diniz.

 

Na UnB, a pesquisadora fundou, junto a Jose Jorge de Carvalho, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Inclusão e foi responsável pela implantação do Núcleo de Estudos sobre Diversidade Sexual e de Gênero (Nedig/UnB), coordenado atualmente por Wanderson Flor do Nascimento, professor do Departamento de Filosofia.

 

“Rita é uma pensadora generosa. Além de contribuir com o conhecimento, fomenta o pensar autônomo e engajado”, conta Wanderson, que foi orientado em sua pesquisa de doutorado pela antropóloga argentina.

 

Militante feminista, especialmente na área indígena, a antropóloga colaborou durante mais de uma década com a Fundação Nacional do Índio (Funai) na realização de oficinas com mulheres, para a promoção de atividades produtivas e, mais tarde, para a prevenção da violência, a partir da divulgação da Lei Maria da Penha.

 

A contribuição da pesquisadora para a promoção da igualdade entre os gêneros ainda se expande pelas Américas. Rita Segato participou do Tribunal de Direitos das Mulheres Viena +20, em 2013, e foi juíza, junto com Mireille Fanon e Sylvia Marcos, do Tribunal Permanente dei Popoli no México, neste ano.

 

Atuou também como perita do Ministério Público da Guatemala para os crimes da ditadura do país contra mulheres mayas e tem colaborado com organizações não governamentais e instituições de países de todo o continente.

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