HOMENAGEM

Com anos de experiência em docência e reportagem, professora aposentada é a primeira mulher a receber a distinção na Faculdade de Comunicação

 


Ao lado da reitora Márcia Abrahão, Zélia Leal Adghirni exibe placa de professora emérita. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Primeira professora emérita da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB, Zélia Leal Adghirni recebeu, nesta terça-feira (8), o título honorífico em reconhecimento à sua trajetória docente. Jornalista há 47 anos, Zélia dedicou-se à reportagem por mais de duas décadas. Atuou como repórter, redatora, colunista e correspondente internacional. Por nove anos, morou e trabalhou no Marrocos. No início da carreira, fez reportagem sobre a tribo caiapó. Mais tarde, entrevistou a ativista norte-americana pelos direitos das pessoas negras Angela Davis, cobriu edições do Festival de Cannes e o julgamento do oficial nazista Klaus Barbie, nos anos 1980.

 

“Sempre me senti uma jornalista dentro da academia. Foi a universidade que me ensinou a pensar. As relações de poder entre mídia e sociedade sempre me inquietaram”, disse Zélia. "A ser professora, aprendi com meus alunos", declarou. Por outros 20 anos, a homenageada atuou como docente. Começou a lecionar na UnB em 1991. Ao longo da vida acadêmica, consolidou-se como “uma das mais influentes pesquisadores de comunicação do Brasil”, segundo as palavras da professora Dione Moura, também da FAC, que discursou em homenagem à nova emérita.

 

“Zélia é umas das primeiras a pesquisar migração do jornalismo para a internet”, frisou Dione. Desenvolvendo estudos em jornalismo e sociedade, a docente, hoje aposentada, orientou 15 mestres e oito doutores. “Com o pós-doutorado na França, Zélia estabeleceu parceria internacional entre a Faculdade de Comunicação e aquele país. A parceria transformou-se em processo fundamental para a internacionalização da Faculdade e para as pesquisas no Brasil”, destacou Dione.

 

Também participaram da cerimônia o diretor e a vice-diretora da FAC, Fernando Paulino e Liziane Guazina, e os professores da área de Comunicação Sérgio Porto, Luiz Martins da Silva e Cremilda Medina, além de outros colegas de jornada, amigos, familiares e ex-alunos. Sérgio Porto foi a ponte para Zélia passar a lecionar na UnB. Cremilda Medina inspirou a docente ainda no ensino normal, em Camaquã, no Rio Grande do Sul. Já Luiz Martins foi vice-diretor da FAC quando Zélia esteve à frente da Faculdade, na década de 1990.

 

Em seu discurso, a emérita exaltou a Universidade de Brasília e seu espírito fundador. "A UnB, como filha de grandes educadores, têm de honrar sua história: nasceu para ser livre e ser grande. Somos filhos de uma utopia, de uma ideia. E ninguém pode aprisionar ideias." A jornalista também defendeu a importância da profissão nos dias atuais. “Em tempos de jornalismo on-line, WhatsApp e fake news, mais do que nunca, o jornalismo é necessário. A ética no jornalismo e a ética profissional são muito importantes neste momento”, destacou. 

Cerimônia reuniu pensadores de comunicação na UnB e do país. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

EMÉRITA  A homenageada tornou-se a primeira professora da FAC a receber título de Professor Emérito, dias depois de a Faculdade ter graduado 27 mulheres jornalistas. Para a vice-diretora Liziane Guazina, ambos os fatos significam "uma reafirmação da presença das mulheres no jornalismo e do papel central da universidade pública na formação dessas mulheres”.

 

O diretor Fernando Paulino ressaltou que a cerimônia em homenagem a Zélia Leal integra os "esforços de promoção da memória" que a Faculdade de Comunicação tem desenvolvido nos últimos anos.

 

“Nossa unidade acadêmica tem estimulado um encontro de perspectivas e gerações, buscando promover um diálogo a partir de diferentes visões”, disse. “Como é a primeira vez que uma docente da FAC recebe este título, a homenagem feita pela UnB à professora Zélia, não deixa também de ser um reconhecimento do trabalho realizado por docentes, técnicas, egressas e estudantes de nossa Faculdade”, reforçou.

 

Os filhos da homenageada, Samy Adghirni e Nadia Adghirni, o embaixador do Marrocos, Nabil Adghoghi, e a professora emérita Maria Stela Grossi, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), foram outras presenças no evento.

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