COMEMORAÇÃO

Além de atender o público universitário, técnicos-administrativos desenvolvem atividades paralelas em matéria especial para o dia do servidor

 

Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

No dia do servidor, comemorado em 28 de outubro, técnicos-administrativos em educação falam um pouco do que fazem quando não estão no trabalho e dos desafios diários da profissão.

 

Rosemary Boreli, ou Rose, é servidora do Departamento de Ciências Contábeis. “Cheguei a Brasília em 2001 e procurei jogar vôlei de praia em um clube da cidade. Comecei na UnB em 2004. E as duas coisas exigem muito da gente”, conta. Rose diz que nunca parou de jogar ao longo dos 15 anos em que mora na cidade e que a alegria por praticar esporte transparece. “Dizem que sou viciada. Quem se animar a aprender eu chamo para treinar no clube”, diz ela, que acabou levando a família para o local com o tempo. “Meu marido joga futebol e minhas duas filhas já jogaram vôlei”.

 

Para a servidora, que veio do interior de Minas Gerais, o vôlei de praia foi uma maneira que encontrou para se integrar à nova cidade. “Minha família é de outro estado e no esporte encontrei apoio, todos são amigos de todos”. Quando chegou à cidade, ela estava em licença para acompanhar o cônjuge. Até começar a trabalhar, foram três anos. “Hoje vejo que os novos processos facilitaram muito o trabalho do técnico. É uma boa carreira e a Universidade oferece a oportunidade de estudar, mas falta reconhecimento de que somos uma peça de funcionamento da UnB”, opina.

 

Max Oliveira segurando uma Piraíba de 2,10m. Não era história de pescador
Não era história de pescador: o servidor Max Oliveira, da FAV, com uma Piraíba de 2,10m. Foto: Arquivo Pessoal

 

A falta de reconhecimento também é tida como uma das dificuldades do dia a dia da profissão pelo servidor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) Max Oliveira, que trabalha na Universidade há quase 40 anos. “Falta valorização cotidiana do trabalho dos servidores. Antigamente era mais complicado, hoje está melhorando”, avalia.

 

Hobby de Max desde 1970, quando veio de Mato Grosso para Brasília, a pescaria ficou mais difícil com o tempo. “De 1970 a 1998, eu ia anualmente à uma pescaria em Nova Xavantina (MT). Ficava cerca de dez dias com um grupo muito bom. Depois, alguns não puderam mais ir e o sol, os mosquitos e o calor foram tornando tudo mais difícil”, afirma.

 

Mas, para Max, a pescaria é uma terapia ainda hoje. “Não tenho mais esse compromisso anual, mas o contato com a natureza é um relaxamento que ainda prezo. Dá para esquecer de tudo”, conta o servidor, que trabalha com a área de orçamento na faculdade. Ele começou como office boy e prestou concursos até chegar ao cargo que ocupa hoje. Em 2015, defendeu sua dissertação de mestrado na Economia. “A UnB ofertou a oportunidade e eu não ia deixar passar. As coisas melhoraram muito desde que eu entrei”, completa.

 

O colecionador e servidor da Faculdade de arquitetura de Urbanismo, Erick Vilela
Érick Vilela, da FAU, mostra uma pequena parte de suas coleção. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O servidor Erick Vilela é colecionador desde os 12 anos. Em seu acervo estão livros, miniaturas, revistas e moedas antigas. “Comecei com meu avô. Quando ele faleceu, dei continuidade ao hobby. Tenho, inclusive, uma moeda de 1869, da época do Brasil Império”, ressalta.

 

Erick entrou na UnB em 2012 e hoje trabalha na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). “Acho que temos uma carreira desafiadora. Os servidores mais recentes têm uma visão muito diferente daquilo que é o estigma do servidor público. Ele se preocupa mais em oferecer um serviço de qualidade do que com a estabilidade”, acredita.

 

O numismata – aquele que coleciona moedas e/ou medalhas – relata que a maior dificuldade que enfrenta no cotidiano é a burocracia, que leva ao excesso de morosidade no andamento de processos. “São muitas regras, impostas pela lei e pela Universidade, que atrapalham o serviço quando somadas. Hoje temos o Serviço Eletrônico de Informações e posso dizer que melhorou muito. Sou um entusiasta”, completa.

 

Quando o servidor fala de suas muitas coleções – a de moedas com 326 exemplares –, é possível perceber seu entusiasmo. “As moedas carregam muita história e trazem recordações. Eu diria que minha favorita é a do centenário da independência, que foi meu avô quem ganhou e me deu”.

 

O servidor do Almoxarifado Leonilde Ramos em uma de suas trilhas recentes
O servidor do Almoxarifado Leonilde Ramos em uma de suas trilhas recentes. Foto: arquivo pessoal

 

Entusiasta também é o servidor do Almoxarifado Central Leonilde Ramos, que pratica ciclismo de trilha e pedal noturno. Ele trabalha na Universidade há quase 35 anos e tem o veículo no cotidiano há quase o mesmo tempo. “Eu morava na roça e não tínhamos condição de ter montaria. Assim que consegui meu primeiro emprego, comprei a bicicleta para locomoção. Aqui em Brasília comprei outra e pedalava todos os dias para a UnB desde o Lago Norte, próximo à casa da Dinda”, lembra.

 

No trabalho, ele utilizava uma bicicleta emprestada pela Universidade para entregar documentos. “Ela nunca saiu da minha vida e esteve presente em uns momentos mais, em outros menos”, enfatiza. Ele conta que tem hérnia de disco, que causa dor pela compressão dos nervos da coluna vertebral, e que se passa uma semana sem o ciclismo já volta a senti-la. “Descobri que a hérnia é inimiga da bicicleta. É só pedalar que ela some”, ri.

 

Transporte é a única reclamação do contínuo sobre o trabalho. “Minha maior dificuldade é a locomoção. Nem sempre temos carros suficientes para cobrir a demanda. Quando não tem, eu espero. Se for urgente e o clima permitir, vou a pé mesmo”, conta Leonilde.

 

O ânimo do desafio também é parte da vida de ciclista que o servidor leva. “Se não estiver doente, estou sempre determinado a continuar”, finaliza.