ESPORTE

Quinze equipes das cinco regiões do Brasil e 350 atletas estão em Palmas (TO) para competir na Liga do Desporto Universitário (LDU) de Futebol 2016

 

Foto: Divulgação/DEA

 

A Liga do Desporto Universitário (LDU) de Futebol 2016, campeonato brasileiro universitário da modalidade considerado o mais importante do ano para a equipe da UnB, ocorre em Palmas (TO) até 24 de setembro. Três partidas já estão agendadas para a equipe verde, azul e branca, que caiu no Grupo D e estará de uniforme novo nas partidas.

 

Nessa segunda-feira (19), a UnB estreou contra o time da Universidade Federal do Tocantins (0x1). Na terça, às 8h30, enfrentará a Feevale no Estádio Nilton Santos e precisará da vitória para permanecer na competição. O último jogo da primeira fase está marcado para quarta-feira (21), também às 8h30, contra a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O treinador, Hugo Almeida, concedeu a entrevista a seguir, em que conta sua trajetória e avalia as condições atuais do time.


DEA/UnB: Você não esperava tornar-se treinador da equipe de futebol da UnB e já disse que isso pode ter mudado o rumo da sua carreira. De que forma chegou a treinador e o que espera do futuro na área de esporte?

 

Hugo Almeida: O antigo treinador (Marcos Ailton), quando assumiu a equipe, me convidou para ficar responsável pela preparação física e auxiliá-lo na gestão técnica da equipe. Desta forma, eu segui como atleta do time e, quando necessário, ministrava os treinamentos. Em junho deste ano, Marcos Ailton foi para os Estados Unidos a trabalho e a equipe precisava de alguém que assumisse o cargo de treinador do clube, caso contrário a equipe de futebol poderia acabar. Ele me designou a função de treinador junto ao coordenador de esporte e lazer na UnB, Carlos Alberto Diniz, o Carlão. Eu prontamente aceitei o desafio e abracei a causa com unhas e dentes. Agora, estou encarregado deste cargo, que me deixou apaixonado à "primeira vista", e tem me feito bastante feliz e satisfeito nos últimos meses. Em todos os anos de graduação em Educação Física, eu nunca tinha me imaginado trabalhando com esporte, e, muito menos, sendo técnico de equipe alguma. Quando larguei o futebol profissional (em 2012), eu disse para mim mesmo que não me envolveria mais com isso – e desde então descartava todas as possibilidades de trabalhar na área. Quis Deus que essa oportunidade me aparecesse logo agora, que resta um semestre para me formar em Educação Física na UnB. Me vejo fazendo um bom trabalho à frente da equipe e consigo enxergar um futuro grandioso para mim no esporte, graças à dedicação, ao estudo e à força de vontade que venho tendo desde então.

 

DEA/UnB: Alguns atletas comentaram que você é um treinador mais próximo do grupo. Como o fato de ter apenas 22 anos e ter participado da equipe como atleta até recentemente influencia na sua relação com os jogadores?

 

Hugo Almeida: O fato de ter basicamente a mesma idade de meus atletas e ter tido proximidade com eles na época em que fui atleta da equipe faz com que eu me ponha no lugar de todos antes de tomar cada decisão, visto que a questão da idade permite que eu tenha, ao menos em partes, uma linha de raciocínio semelhante à deles. O fato de escutá-los bastante também permite essa proximidade. Outro elemento que facilita bastante essa relação treinador-atleta é a minha característica pessoal de ser bastante sociável, com certa facilidade de fazer amizade e criar relações de confiança. Antes de ser treinador deles, sou amigo, devido à relação que tinha com todos quando era atleta e à relação extracampo que tenho com todos, o que faz com que eu tenha a confiança de todos quanto ao trabalho que venho realizando.

 

DEA/UnB: Uma das características da equipe no momento é a presença de um número elevado de pessoas ajudando na comissão técnica. O que cada uma delas acrescentou à equipe e como tem sido a troca de informações?

 

Hugo Almeida: Os membros que formam minha comissão técnica são de minha confiança, escolhidos a dedo e de excelência no que fazem. O Wagner Silva, preparador físico, é uma referência no trabalho com atletas de alto rendimento e é um profissional bastante dedicado e atualizado; vem sendo peça fundamental na minha comissão e em breve dará muitos frutos. O Cyro Macedo, auxiliar técnico, é excelente na gestão de pessoas e na organização de projetos. Demonstra seriedade em tudo o que faz e também é assim no Clube Desportivo Futebol UnB. É, sem sombra de dúvidas, fundamental em minha comissão técnica. O auxiliar técnico, Talyson Bruno, é entendido com relação ao futebol, bastante dedicado e empenhado em aprender. Cumpre com excelência todas as tarefas designadas a ele e seu senso de justiça me ajuda e me orienta na hora de tomar as melhores e mais fundamentadas decisões, nos momentos cruciais para a equipe. Com certeza, foi uma escolha bastante acertada. O Roberto Rodrigues, preparador de goleiros, tem bastante bagagem no futebol. Além de ter feito parte da equipe em anos anteriores, suas experiências de vida transmitidas aos goleiros e a toda a equipe tranquilizam e encorajam todos. Além do excelente trabalho que vem fazendo, anima a equipe, graças ao seu bom humor e autoconfiança. Vale ressaltar que todos vêm fazendo esse belíssimo trabalho voluntariamente, visto que o clube não tem condição nenhuma de pagar por seus serviços. Merecem o melhor em suas vidas e em suas carreiras profissionais.

 

DEA/UnB: O planejamento da parte física foi feito para que a equipe chegasse no seu auge ao seu principal objetivo, que é o Campeonato Brasileiro Universitário. Como avalia o desempenho do time? Quão decisiva é a parte física na hora de definir um resultado no futebol de hoje, em nível universitário?

 

Hugo Almeida: Bom, ao meu ver a equipe está muito bem. Todo o planejamento da preparação física foi feito pelo Wagner e por mim, e, mesmo com apenas dois meses de trabalho, geraram os efeitos e benefícios esperados por nós. Vejo a equipe bem preparada fisicamente em todos os aspectos. O bom rendimento de cada um dos atletas se deve muito a essa preocupação nossa. Se tem um ponto em que estamos bem preparados é a parte física, e com certeza será o nosso ponto forte e diferencial no Brasileiro Universitário, tendo em vista as condições climáticas do local da competição (Palmas/TO), e também a intensidade de cada jogo em nível universitário. Essa parte é imprescindível e garante que uma equipe ofereça o seu melhor tecnicamente e taticamente dentro de um plano de jogo durante mais tempo.

 

DEA/UnB: Além de buscar patrocínios e melhorias extracampo, você tem se esforçado para oferecer mais treinos aos atletas. A equipe tem conseguido treinar completa? O espaço físico tem sido uma dificuldade?

 

Hugo Almeida: Eu venho me desdobrando, dia e noite, para poder oferecer mais sessões de treinos para a equipe, e por consequência deixá-la o mais preparada possível em aspectos físicos, técnicos e táticos. Graças a essa medida, de abrir treinos também no período da noite e em dias alternativos, o time tem conseguido treinar completo ao longo desses meses de trabalho. Apesar das imensas dificuldades que temos com relação a campo (na Universidade de Brasília, dividimos o campo com aulas de práticas desportivas e aulas de frisbee), estrutura (temos poucas bolas boas, utilizamos materiais emprestados, como cones, pratinhos e coletes, e outros materiais como barreiras, elásticos e estacas estão em condições precárias), estamos nos virando como nos podemos. Penso que não devemos arrumar desculpas, e sim soluções para os nossos diversos problemas. Planejamos os treinos conforme nossas demandas e necessidades físicas, táticas e técnicas. Bom, até agora, vem dando certo, nos viramos como podemos.

 

DEA/UnB: Como foram esses jogos contra a Faculdade Upis e que lições trouxeram?

 

Hugo Almeida: Os dois jogos contra a Upis foram importantíssimos para o nosso trabalho e foram divisor de águas para a equipe e, principalmente, para mim. Apesar do bom trabalho realizado por nós durante os dois meses antes desses confrontos, não tínhamos parâmetros suficientes para saber se estávamos andando pelo caminho certo ou não. Além disso, o grupo de atletas vinha com a autoestima baixa devido à grande sequência de revés, e precisava de injeção de ânimo para mudar esse quadro. Empatamos a primeira partida com eles em 1 a 1, em uma partida em que jogávamos bem e vencíamos até os 35 minutos da segunda etapa, mesmo com a grande quantidade de desfalques. Esse jogo mostrou a toda a equipe que tínhamos condições de jogar de igual para igual não só com a Upis, que é a atual campeã brasileira universitária e vice-campeã sul-americana, mas com qualquer equipe que enfrentássemos. Fizemos novamente uma excelente partida contra a faculdade no segundo jogo das seletivas. O final da partida foi 3 a 0 para a Upis, um placar que não revela o que foi verdadeiramente o jogo, mas que nos deu mais ânimo para seguir trabalhando sério e buscando o melhor para equipe.

 

DEA/UnB: Por fim, o que pode nos dizer sobre a equipe que leva o nome da UnB para Tocantins?

 

Hugo Almeida: O que posso dizer da equipe que leva o nome da UnB para o Brasileiro Universitário é que um grupo forte, unido e bem treinado. Com excelentes peças individuais, tanto dentro como fora de campo. Os 20 atletas que irão representar a equipe são atletas completamente capacitados a realizarem a melhor campanha já feita pela UnB na história, basta colocarem em prática tudo que treinaram e tudo que viveram ao longo dos três últimos meses. O grupo é formado por Wendell Souza, Kassyo Soares, Diego Nascimento, Matheus Gouveia, Danilo Borges, João Vitor, Pedro Victor, Charles Abreu, Mateus Silva, Yago Bucher, Matheus Felipe, Kaihan Lima, Eduardo Nilber, Ruan Henrique, Vinicius Godoy, Marcos Vinícius Euzébio, Henrique Rocha, Douglas Vasco, Gabriel Campos e Matheus Abreu. Com relação a equipe base e esquema tático, prefiro não falar muito, os adversários terão que estudar a forma como jogamos se quiserem nos superar. Tenho as melhores expectativas possíveis para a competição. Com pés nos chão, minha meta inicial é ao menos igualar a melhor campanha da UnB na história, que chegou às quartas-de-final no ano de 2013. Mas, tenho consciência de que, se chegarmos à final, não será surpresa alguma, devido a qualidade técnica, tática e física de todos os meus atletas. Para alcançar esse objetivo temos que pensar um jogo por vez. Vamos em frente!