CULTURA

Na recepção, os novos estudantes foram acolhidos por ex-participantes e conheceram a história do projeto e sua programação anual 

Na reunião, os novos integrantes conheceram mais sobre o programa da Universidade. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“A questão negra tem a nossa atenção durante o ano todo”, declarou a diretora de Diversidade, Suzana Xavier, na abertura da nova turma do Programa Afroatitude da UnB, na quarta-feira (14), no Centro de Convivência Negra (CCN). Estavam presentes no evento dezenas de estudantes, além do decano de Assuntos Comunitários (DAC), Ileno Izídio da Costa; o coordenador do CCN/Coquen, Manoel Barbosa Neres; a professora de Departamento de Antropologia Antonádia Monteiro Borges, e o professor do Instituto de Ciências Biológicas (IB) José Raimundo Correa.

 

O  Programa Brasil Afroatitude foi criado em 2006 pelo Ministério da Saúde com apoio de diversas instituições de ensino superior, entre elas, a UnB. O objetivo do projeto era contribuir para o debate da questão negra no âmbito acadêmico e ajudar socioeconomicamente os alunos. Ao longo dos anos, o Afroatitude foi abandonado por muitas instituições, mas sobreviveu na Universidade de Brasília. Para evitar o seu fim, o CCN, a Diretoria de Diversidade (DIV) e o DAC conseguiram associar o programa às políticas da Universidade, por meio da Resolução nº 0156, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão em 2012. “O CCN só tem chances de avançar graças a este trabalho conjunto”, afirma Manoel Neres.

 

Estudantes, como Débora Rita (rosa), falaram sobre o apoio recebido pelo CCN. “Me ajudaram a manter a mente sã”. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Oferecido por meio de editais, o Programa Afroatitude trabalha, desde 2006, pela continuidade e pelos avanços das ações afirmativas da UnB, a exemplo da consolidação das cotas raciais. A política pedagógica do Afroatitude visa ainda atender às diferentes realidades negras vividas pelos estudantes. Os participantes são estimulados pela troca de conhecimentos e experiências, e incentivados a realizar pesquisas por meio de bolsas. “No CCN, há trocas o tempo inteiro. A administração dá o suporte necessário para que os alunos desenvolvam suas ideias, com acompanhamento pedagógico, acolhimento psicológico e assistência social”, declarou Suzana. 

 

Um dos projetos é a divulgação de autores negros, por meio de parceria com o Quilombook – O Clube de Livro Negro, criado pelo estudante de Administração Lineker Texeira. Já foram reunidos mais de cem novos títulos. Entre outras atividades oferecidas pelo CCN, estão o Afro Vai às Escolas, para conscientizar estudantes de escolas públicas sobre o espaço universitário; o ComNegra, voltado para o uso de ferramentas midiáticas e o empreendedorismo, e a pesquisa sobre o perfil étnico-racial dos técnicos administrativos da UnB, que faz um levantamento sobre a participação negra no funcionamento da instituição. 

TROCAS – Na reunião de abertura do semestre, estudantes que já ingressaram no projeto em outros editais compartilharam suas experiências com os recém-chegados. A estudante de Museologia Débora Rita falou sobre os desafios e as dificuldades enfrentadas durante sua graduação.  “O principal espaço que me deu apoio foi o CCN. O Afroatitude fez com que eu continuasse na UnB. Conheci muitas pessoas especiais e participei de projetos que me ajudaram a manter a mente sã com os pés no chão”, contou.

 

Daniele Miranda, do sétimo semestre de Letras/Espanhol, conheceu o projeto por meio da irmã que, ao buscar editais e programas estudantis, encontrou o Afroatitude. “O projeto abriu minha mente sobre as minhas capacidades. No Afro Vai às Escolas, eu pude mostrar um pouco mais da Universidade à comunidade. Muitos não acreditam que podem estudar numa universidade como a UnB, outros até pensam que a universidade pública tem mensalidade e nosso papel é mostrar que eles também são capazes”, compartilhou a estudante. Daniele aproveitou a bolsa recebida no projeto para custear um intercâmbio de ensino de espanhol. “Eu paguei parte do curso e as passagens para passar 23 dias na Argentina e tenho muito a agradecer ao Afroatitude”.

 

Estudante haitiano Jacky Mathieu.
“Com tantas pessoas negras falando, eu me sinto em casa”, afirmou o estudante do Haiti Jacky Mathieu. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

  

ACOLHIMENTO Empolgados e também um pouco apreensivos com os desafios universitários, os novos integrantes do programa compartilharam suas expectativas.  “Eu estava com um pouco de receio, pois meu curso exige muita concentração. Depois que ouvi os depoimentos, me senti inspirado a continuar e, mesmo que seja um semestre árduo, pode valer muito a pena estar aqui”, declarou o estudante de Engenha Elétrica Daniel Felipe Santos.  

 

Para o estudante haitiano do sexto semestre de Relações Internacionais Jacky Mathieu, as expectativas são muitas em relação ao Afroatitude. “Aqui eu posso conviver com mais brasileiros, participar de mais atividades em grupo e, sobretudo, ver a realidade do povo negro no espaço universitário”, expressa. “Com tantas pessoas negras falando, eu me sinto em casa”.

 

 

*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB

 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.