ARTE

Espetáculo Decadenta, de autoria de estudantes do curso de Artes Cênicas, será apresentado em festival de teatro internacional neste fim de semana

 

Personagem central da comédia musical é inspirada na cantora Rita Lee. Foto: Betinho Marques/Divulgação

 

Das páginas do livro Storynhas, escrito pela cantora Rita Lee, com ilustrações de Laerte, surge a personagem Daslee. Cantante, atriz, modelo e dançarina, ela vive suas desventuras em busca da fama perdida ao longo dos anos. A narrativa de ascensão e de decadência da artista fictícia, que sai dos palcos de uma churrascaria de quinta para o Rock in Rio, é retratada na comédia musical Decadenta. Produzida por estudantes do grupo Estelionatário, do curso de Artes Cênicas da UnB, a peça foi uma das 12 entre 118 selecionadas para o Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub), que ocorre entre 6 e 13 de julho.

 

Decadenta já arrebatou o público brasiliense em suas passagens pelos teatros Dulcina, em Brasília, Sesc Paulo Autran, em Taguatinga, e Sesc Paulo Gracindo, no Gama. A expectativa do produtor do musical, Jerônimo Camargo, também estudante de Artes Cênicas, é que o sucesso se repita em Blumenau, para onde o coletivo embarca nesta quinta-feira (6).

 

“O engraçado dessa peça é que ela atinge vários públicos. As pessoas mais velhas e as mais jovens se amarram”, afirma. O musical estará em cartaz neste sábado (8), no Teatro Carlos Gomes, da cidade catarinense, e também integra a ação Palco sobre Rodas do Fitub nos dias 11 e 12 de julho.

 

>> Confira a programação do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau

 

Idealizado durante as atividades da disciplina de Interpretação e Montagem, a partir do roteiro elaborado pelo estudante Pedro Mesquita, o espetáculo agrega diferentes elementos da comédia e da linguagem gestual do teatro. Dessa essência, que traz uma mistura do teatro de revista, circo-teatro, teatro musical e palhaçaria, emerge em cena a criatividade e a multiplicidade do talento dos estudantes-atores. “Começamos a trabalhar com improvisações e exercícios de cena para desenvolvermos teatralmente as cenas que estavam colocadas no roteiro”, explica a diretora da peça e professora da UnB, Felícia Johansson, sobre o processo criativo.

 

O humor e a irreverência de Rita Lee em seu livro também são revisitados. Storynhas traz uma compilação dos tweets postados por ela após ser internada para realizar um exame de mastectomia. As breves narrativas biográficas, cômicas, mas ao mesmo tempo melancólicas e ternas, trazem à tona temas centrais da contemporaneidade, em tom de sátira social, acompanhadas dos desenhos criativos de Laerte.

 

Não para menos, a inspiração para a personagem principal foi a própria cantora. Perucas vermelhas e figurino com referências à estética da década de 1980 imprimem os traços da rock star em Daslee, interpretada pelos vários atores da peça em revezamento. “A personagem é um alter ego da Rita Lee, mas que só se dá mal. Ela é rejeitada no Rock in Rio, incompreendida como artista e recusada de todas as formas socialmente, ao contrário da Rita Lee, que é um sucesso absoluto”, comenta Felícia.

 

A filiação da professora ao teatro popular europeu se revela na construção cenográfica, cujos únicos elementos são o corpo e o gesto dos atores. As vozes e habilidades instrumentais dos estudantes também ecoam em cena nas performances musicais, com paródias de canções de Rita Lee criadas pelos próprios alunos, além de outras composições. 

Professora Felícia Johansson dirige a peça, com produção do estudante Jerônimo Camargo. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

EXPERIÊNCIA – Um dos mais importantes eventos de ensino, pesquisa e extensão do teatro universitário sul-americano, o Fitub recebeu inscrições de 118 peças, do Brasil e de outros países, nesta 30ª edição. Dessas, apenas 12 foram selecionadas para se apresentar em Blumenau e receber a avaliação de um grupo de jurados.

 

Com o objetivo de incentivar a pesquisa e produção em artes cênicas nas universidades, incentivar novas experiências no palco e promover a reflexão sobre o fazer artístico, o festival oferece programação teatral variada, com espetáculos de diversos países da América do Sul.

 

Subir pela primeira vez ao palco de um dos grandes teatros dos país para plateia internacional e passar pelo julgamento de pesquisadores, professores e artistas conceituados na área é algo que Jerônimo considera um importante passo em sua trajetória acadêmica. “É uma experiência muito boa conhecer pessoas de outros lugares, encontrar estéticas diferentes, porque cada cidade tem elementos característicos da formação nesse curso”, avalia.

 

Já a experiência de Felícia com o festival vem de longa data. Em 2011, a docente venceu com sua peça A Porca Faz Anos as categorias de melhor atriz e melhor concepção. Ela considera o evento espaço de aprendizagem e troca de experiências. “Temos a oportunidade de ver como os estudantes desenvolvem o trabalho de interpretação em suas respectivas universidades”, pontua.

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