TECNOLOGIA

Companhia mineradora Vale aplica conhecimentos em engenharia automotiva da UnB para aprimorar excelência na área de segurança do trabalho

Foto: Reprodução

 

A companhia mineradora Vale, antiga Vale do Rio Doce, estabeleceu há 10 meses uma parceria com a Faculdade UnB Gama (FGA) e a Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade de Brasília. O objetivo da colaboração acadêmica é aprimorar um ROPS (Roll Over Protection Structure, em inglês), um sistema de proteção contra rolagem usado pela companhia em suas picapes. Nesta terça-feira, 11 de novembro, uma simulação de acidente foi realizada nas imediações do campus Gama.

 

Assista aqui ao vídeo da capotagem em câmera lenta

 

Assista aqui ao vídeo da capotagem com zoom

 

“A Vale e outras empresas já possuem dispositivos que permitem alguma segurança, mas a empresa detectava falhas. Entraram então em contato com a UnB, procurando no nosso amplo conhecimento de engenharia automotiva respostas para uma metodologia de projeto mais eficiente”, afirma Rita de Cássia Silva, professora da FGA. Junto a outros quatro professores e três alunos de graduação do campus do Gama e quatro professores da FT, Rita comandou o projeto, sob custo estimado de 1,5 milhão de reais, verba gerenciada pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos.

 

No cotidiano do trabalho das mineradoras, o capotamento de veículos é de grande constância, em função das deformações comuns no solo. São caminhonetes simples, como aquelas do usuário comum, que precisam ser equipadas de modo a evitar o risco de morte. “O problema maior é o ocupante. A Vale veio até nós não para proteger o veículo ou evitar a capotagem, mas para chegar a soluções na área de segurança do trabalho”, disse a professora Maria Alzira de Araújo, também da FGA.

Foto: Reprodução

 

A equipe criou dispositivos internos e externos à cabine, que funcionariam como uma redoma rígida para a cabine do veículo, de modo a diminuir a deformação do teto e, por conseguinte, proteger os ocupantes. Segundo os pesquisadores, a maior incidência de acidentes graves se dá na cabeça e coluna cervical de motoristas e passageiros, por isso a preocupação com o teto do veículo. “O projeto roda em torno da medição de deformações e acelerações. A FGA está fazendo trabalho de simulação numérica, em que temos todo o controle do nível de aceleração e, com ele, podemos apontar qual o melhor projeto que provoca o menor dano humano”, resumiu Alessandro Borges, diretor da Faculdade UnB Gama.

 

MANUAL – Todo o trabalho realizado de configurações de ROPS culminará na certificação dos produtos através de um manual, em que conste como projetar um ROPS, bem como a forma correta de teste e instalação. Mais que isso, discorre sobre a homologação junto aos órgãos competentes. “A Vale quer de nossa parte todo o esclarecimento quanto à regulamentação. O inserção desses dispositivos de segurança traz deformações ao veículo que podem ser mal interpretadas. Para ela, é importante ter o carro andando, sem contratempos desse tipo”, explicou Alessandro Borges.

 

Todo o procedimento de campo realizado nessa terça-feira foi registrado por equipe de vídeo e será pormenorizado adiante. De qualquer forma, a simulação de um acidente a 60 km/h sobre uma caminhonete trouxe bastante confiança quanto à finalização do trabalho. “Pela experiência visual, pudemos perceber que o espaço interno está inteiro fisicamente. Mesmo com uma tremenda pancada como essa, parece pouco provável que o acidente seja fatal. Aos olhos da Vale, tenho certeza que o ensaio de hoje serviu como prova concreta do estudo realizado”, garantiu Alessandro Borges.

Foto: Paulo Castro/UnB Agência

 

WORKSHOP – O ciclo técnico do projeto deve se encerrar em janeiro de 2013. O trabalho de documentação e divulgação externa será realizado até março, quando a equipe pretende encerrar o projeto com um workshop. Na FGA, grandes montadoras do Brasil e exterior serão convidadas a conhecer o trabalho de segurança promovido pela Instituição. “Nossa função é o suporte acadêmico. No workshop, reuniremos aquelas empresas que possam colocar o sistema de segurança em prática”, diz Rita de Cássia Silva.

 

Alessandro Borges acredita ainda no potencial desse trabalho junto aos alunos da FGA, onde a interlocução com sociedade e empresas é parte integrante do projeto de ensino. “O modo de ensinar o aluno é diferente quando ele tem acesso a dados concretos produzidos aqui mesmo. Quando chegarmos à sala de aula, em uma disciplina como Elementos Automotivos, por exemplo, diremos: ‘é assim que se faz e assim fizemos’. Todos ganham com isso”, afirmou ele. Além disso, ele estima que 80% do investimento feito pela Vale resulta em equipamentos que permanecerão no Gama, prontos para novas aplicações.

ATENÇÃO O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor e expressa sua visão sobre assuntos atuais. Os textos podem ser reproduzidos em qualquer tipo de mídia desde que sejam citados os créditos do autor. Edições ou alterações só podem ser feitas com autorização do autor.