Imagine-se numa sala grande e fechada. Dentro dela, árvores reais suspensas. Sons de pássaros cantando ao entardecer. Logo escurece. Ao anoitecer, ouve-se um barulho de trovão e, em seguida, chove intensamente. A intenção dessa experiência é mostrar a força e a beleza dos ciclos naturais do cerrado brasileiro.
Essa é uma das vivências sensoriais que o visitante pode ter na exposição Cerrado: Uma Janela para o Planeta, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 19 de outubro. A mostra, aberta desde o dia 5 de setembro, já registou mais de 150 mil visitantes, segundo dados do CCBB.
“Trata-se de um grande público para uma exposição científica”, comemora Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília e coordenadora técnica da exposição.
Para ela, a mostra sobre o Cerrado é um marco em vários sentidos: para o próprio CCBB por abrigar uma exposição de caráter científico e por ter atraído um número tão grande de público.
“Mostramos que é possível fazer difusão científica de uma forma atrativa, interessante e inovadora”, diz a professora.
“Para a universidade, é um marco também no sentido de mostrar como podemos interagir com a comunidade de novas formas, rompemos os espaços tradicionais de extensão”, completa.
A iniciativa é do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília e da Universidade de Brasília.
ACERVO - Dividida em três grandes módulos, a exposição abriga grande parte do acervo natural do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, além de materiais de outras instituições científicas e ambientais como o Jardim Botânico de Brasília, o IBGE, a Rede Sementes e o Serviço Florestal Brasileiro.
Uma das contribuições da UnB pode ser vista no segundo módulo, intitulado A Trama do Cerrado, cujo objetivo é proporcionar um contato direto com a fauna e a flora do bioma.
Nele, estão expostas parte da fauna com uma variedade de insetos e peixes presentes nas bacias hidrográficas. Apresentados em vitrines, os insetos fazem parte do acervo do IB/UnB. Sementes, frutos variados e folhas reais de árvores também são expostos nessa galeria.
A professora Mercedes conta que o tema da mostra surgiu como algo natural. “Considerando o enorme papel que a UnB tem de gerar conhecimento por estar imersa no Cerrado e talvez por ser este um bioma que cristaliza várias sistemáticas que são atuais”.
EXPERIÊNCIA - A exposição tem mobilizado ainda estudantes do curso de Biologia da UnB. Através de bolsas ou até mesmo como voluntários, alunos auxiliam nas galerias da exposição dando explicações e guiando os visitantes. Antes do início da exposição foi feita uma vista guiada como forma de treinamento a esses alunos.
Lucas Guimarães, estudante do 1º semestre conta que o contato com o público tem sido uma boa experiência. “É uma grande oportunidade, porque ao mesmo tempo em que damos as informações, aprendemos com esse conhecimento”.
PROJETO - O Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília, que é um dos organizadores da exposição Cerrado: Uma Janela para o Planeta, está com plano de construção de sua sede, prevista para o Setor de Divulgação Cultural.
Segundo Monica Menkes, coordenadora do museu e coordenadora executiva da exposição, a mostra tem como objetivo inaugurar as atividades do museu.
“O museu precisava de uma exposição grande para apresentar o potencial. É uma vitrine para se mostrar uma exposição científica de boa qualidade”, afirma Monica.