JANEIRO BRANCO

CASQV/DGP oferece atendimento de prevenção contra males relacionados ao estresse e em prol da melhoria na qualidade de vida

 

Estresse, ansiedade e cansaço são desafios da vida moderna presentes no cotidiano de todo trabalhador. Mas o que fazer quando eles se repetem com intensidade? Alvo de atenções no país neste primeiro mês do ano, a campanha Janeiro Branco busca conscientizar a população de que apresentar esses sintomas não é algo estranho ao ser humano, mas a frequência e a intensidade podem ser indicativo de adoecimento emocional.

 

Esta é a sexta edição da campanha nacional que chama atenção para cuidados com saúde mental. Arte: Divulgação/Janeiro Branco

 

Dados do Ministério da Saúde estimam que pelo menos 30 em cada cem pessoas tenham ou venham a ter problemas de saúde mental. Ainda de acordo com o órgão, depressão, ansiedade e síndrome do pânico são os principais problemas dessa ordem.

 

“É preciso sensibilizar as pessoas para que busquem ajuda. Muitas vezes, quem busca o auxílio já está adoecido”, aponta a psicóloga da Fundação Universidade de Brasília (FUB) Lorena Fernandes, sobre os atendimentos realizados junto a docentes e técnicos administrativos pela Coordenadoria de Atenção à Saúde de Qualidade de Vida (CASQV), vinculada ao Decanato de Gestão de Pessoas (DGP).

 

Em 2018, o setor atendeu 132 pessoas e realizou ao todo 863 atendimentos dentro dos serviços de acolhimento, intervenção em crise, clínica do trabalho, acompanhamento funcional e ProGestor. Na modalidade acolhimento, o paciente pode ser recebido por psicólogo ou assistente social, que são parte da equipe. Com base no que for conversado, pode haver recomendação para consulta psiquiátrica.

 

“Não damos encaminhamento para unidades de saúde ou profissionais da área, mas aconselhamos o servidor dentro das nossas possibilidades”, explica Lorena, que coordena os trabalhos na CASQV. Se a situação que causa a angústia for relacionada ao local de trabalho, pode ser necessário acionar a chefia e buscar uma intervenção em grupo na unidade, uma vez que o todo pode estar em sofrimento.

 

CID F Os transtornos mentais e comportamentais são abarcados dentro da Classificação Internacional de Doenças (CID) sob a letra F. Entre eles está uma das principais causas de afastamento dentro da UnB: CID F41. Definido como Outros Transtornos Ansiosos, ela engloba ansiedade e síndrome do pânico.

 

Dos quase 3.800 afastamentos dentro da instituição ao longo de 2018, 430 foram relacionados à CID-F. Desses, 135 estão classificados como F41. Somados, os dias de afastamento por transtornos mentais totalizaram 9.711.

 

Nesse caso, é bom esclarecer que a principal questão não está nos dias sem ir ao trabalho, mas nos cuidados para recuperação do profissional. “Atestado médico não pode ser contestado. Ele é concedido porque o paciente precisa se restabelecer para poder voltar ao trabalho de forma produtiva”, ressalta Renata Valero, enfermeira do trabalho da Coordenadoria de Saúde Ocupacional (CSO/DGP) da UnB. “Independentemente de vontade de chefia ou sobrecarga do setor, é preciso pensar na saúde do servidor”, completa.

 

Ela lembra que a licença para tratamento de saúde é um direito do servidor público federal, regido pela Lei nº 8.112/90. “Quem se trata, fica bom e pode voltar ao trabalho. Essa foi a intenção do legislador”, complementa Everaldo José da Silva, coordenador de Saúde do Trabalho da UnB. 

 

Professor da Faculdade de Direito da UnB, Victor Russomano Júnior lembra que, “para fim de moléstias de trabalho, não há diferença entre impedimentos mentais ou físicos. O direito é igual.” Dias em que o servidor esteve afastado para cumprir licença médica, seja física ou mental, não são descontados do tempo de serviço e não podem ser utilizados como critério para avaliação periódica de desempenho.

 

SE IMPORTE Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil 2018, realizado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, o Brasil possui atualmente cinco médicos especialistas em psiquiatria por cem mil habitantes. Além das possibilidades deficitárias de atendimento, o estigma sobre doenças mentais é outro impeditivo para que as pessoas procurem ajuda.

 

É preciso ficar atento a esses sintomas. Arte: Francisco George Lopes/Secom UnB

 

Professor da UnB e subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado baseia-se na própria experiência para recomendar aos colegas de Universidade que se mantenham atentos aos cuidados com a saúde mental. Há 11 anos, o pesquisador da área de Direito Administrativo sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele acredita que o gatilho estava relacionado ao estresse.

 

“A causa mais provável foi falta de cuidado. Se tivesse tomado alguma medida preventiva, provavelmente não teria tido o AVC”, opina. Mesmo com a fala comprometida, por consequência do acidente, o docente segue atuando e aconselha: “Pensar em si mesmo, e não apenas no trabalho, tem que ser visto como algo necessário. Se identificar sintomas de estresse, busque ajuda. É preciso cuidar da saúde para evitar algum problema maior."

 

O servidor que identificar algum dos sintomas indicativos de sofrimento mental deve procurar a CASQV, que irá ajudá-lo com a melhor abordagem possível para o caso. A coordenadoria fica no Ambulatório II do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Agendamentos podem ser feitos pelo telefone 61 3340 2314.

 

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