OPINIÃO

Christina Maria Pedrazza Sêga é professora aposentada da Universidade de Brasília e doutora em Ciências da Comunicação (Universidade Nova de Lisboa).

Christina Maria Pedrazza Sêga

 

Desde sua origem até nossos lares, o rádio veio conquistando a atenção e carinho de seus ouvintes. E sua invenção ainda é uma rivalidade entre dois países: Itália e Brasil. Até parece final de Copa do Mundo. E iremos aguardar mais um longo tempo até um deles vencer por pênaltis. Os europeus atribuem seu surgimento na Itália sob a responsabilidade de Guglielmo Marconi, italiano nascido na Bologna em 1874. Já os brasileiros se orgulham de que o rádio foi inventado pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em Porto Alegre em 1862.

 

Em 1893, Landell inventou um aparelho que recebia a voz humana, sem a utilização de fios condutores. Sua primeira experiência ocorreu em São Paulo, naquele mesmo ano. Foi considerado louco por muitos. Não conseguiu apoio do governo brasileiro. Viajou para os EUA, em 1901, onde patenteou o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor.

 

Em 1909, Marconi foi o primeiro a explicar as experiências do cientista alemão Heinrich Hertz, concluindo que as ondas elétricas poderiam transmitir mensagens.  Marconi recebeu o Nobel de Física naquele ano.

 

O jornalista e pesquisador Hamilton de Almeida estuda as descobertas de Landell de Moura há várias décadas. É autor do livro Landell de Moura – um herói sem glória. Suas pesquisas continuaram e em 2021 Hamilton se propôs a entregar nos Estados Unidos e na Itália a sua mais recente obra investigativa intitulada Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless.

 

Querelas à parte, o importante é que esse grande companheiro faz parte da vida de muitos brasileiros e latino-americanos. O Brasil está entre os principais países que mais utilizam o rádio como meio de comunicação diária. Antes da chegada da internet aqui, o país chegou a ocupar o terceiro lugar no mundo de maior audiência radiofônica.

 

A primeira transmissão radiofônica no país deu-se no ano de 1922, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro daquele ano, sendo que o primeiro programa foi o discurso do, então, presidente da nação, Epitácio Pessoa. Oficialmente, a primeira emissora foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, fundada por Roquete Pinto, o responsável por trazer a radiodifusão ao Brasil. O dia 25 de setembro, dia em que se comemora o Dia do Rádio, foi criado em homenagem à data de nascimento de Roquete Pinto.

 

O rádio começou a fazer parte da vida cultural da sociedade com programações variadas como notícias políticas, econômicas, esportivas, música, entrevistas com cantores, radionovelas e a inclusão da publicidade com a presença de muitos “jingles”. Esse meio eletrônico de comunicação perdeu seu posto majoritário com o surgimento da televisão no mundo a partir da década de 40 e, no Brasil, na década de 50. Mas suportou   com muita humildade e firmeza a sua chegada. E sobreviveu. Não apenas à televisão, mas sobreviveu ao CD e à internet. Muitas emissoras e vários programas radiofônicos fizeram e ainda fazem parte da vida cotidiana do ouvinte brasileiro.

 

Parabéns pelos seus 100 anos de idade no Brasil e que sua vida seja longa e profícua.

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