OPINIÃO

Patrícia Pinheiro é professora do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília desde 1997. Com graduação (UFAL) e mestrado (UFRJ) em Serviço Social, atualmente coordena o Núcleo de Estudos de Infância e Juventude (NEIJ) do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares (CEAM/UnB).

Patrícia Pinheiro

 

Com certeza esse é o texto mais difícil que já tive que escrever. Como enxergar o teclado do computador com os olhos embotados de lágrimas e o peito cheio de emoções diversas? Como escrever sobre alguém com tantas capacidades e escolher a melhor forma de fazer jus a homenagem? Muita responsabilidade, mas aceitei honrada o desafio. Abri um vinho, como tantas vezes o fizemos juntos e deixei a saudade e as lembranças conduzirem minhas mãos. Meu amigo querido Mário Ângelo Silva é um homem de missões. Não me permitirei falar dele no passado, pois Mário, grandioso em alma e atos, nunca será um homem do passado. Resolvi comigo mesma que Mário apenas foi iluminar outro lugar. Porque, sim, ele tem luz própria, que se irradiava sempre a partir de seus olhos claros e tranquilos.

Não tenho a intenção de aqui listar a excepcional capacidade intelectual e profissional desse psicólogo, professor, pesquisador e extensionista. O currículo LATTES está aí para isso. Posso, sim, falar de como consegue ser tudo isso com uma humanidade muito raramente vista na academia e nos espaços institucionais por onde circulamos. Mário é psicólogo afetuoso, professor querido, pesquisador envolvido e extensionista presente. Em suma: Mário é um profissional competente e de uma capacidade de empatia singular. Isso o torna capaz de responder a qualquer demanda porque não há separação entre o ser humano sensível e a intervenção profissional.

Quebrou fronteiras na UnB com projetos importantes e revolucionários como o Com-vivência - ações integradas de estudos e atendimento a pessoas vivendo com HIV/Aids e familiares, o AfroAtitude e o Polo de Prevenção em DST/AIDS, que se transformaram em referências nacionais e internacionais e com premiações na área de Direitos Humanos. Seu compromisso com a UnB é patente e concreto.

Mas eu também tenho a oportunidade de ter Mário como companheiro de militância em defesa de causas humanistas e contra as injustiças do capital. Marchamos lado a lado várias vezes em passeatas pela Esplanada, sentamo-nos juntos muitas vezes nas assembleias sindicais em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.

Agora, a parte mais difícil de escrever aqui... [respirando fundo e tentando enxergar o teclado], Mário é amigo querido com quem compartilho momentos de alegria, cumplicidade e trocas sobre a vida. Eu costumo pensar que a vida é como uma estrada em que seguimos e ao longo do caminho vamos encontrando árvores nas quais nos encostamos para refazer as forças e usufruir da sombra. Em algumas destas ficamos uns poucos minutos, mas seguimos refeitos; noutras permanecemos ali por mais tempo, pois são árvores frondosas e que se tornam imprescindíveis para nossa jornada; elas oferecem mais que sombra. Mário é uma dessas. É claro que a estrada segue e precisamos nos apartar dessas árvores por várias circunstâncias, mas sabemos que elas estão lá para nos acolher.

Mário é pai e mãe amantíssimo e recentemente avô babão. Criou duas mulheres fantásticas das quais sempre falava com imenso amor. Amor que transbordava nele. Mário sempre atravessou fronteiras e estive com ele em várias destas ocasiões, mas agora ele parte em mais uma missão e posso até ver em minha mente ele sorrindo, com a paz que sempre sorriu, dizendo: vou ali encarar outra missão, mas contem comigo sempre. Mário não sabe dizer não; é o ser humano mais disponível que conheço. Esse é o Mário que foi brilhar em algum outro lugar em nova missão.

Enfim, tentei falar sobre Mário, transformar o sentimento em palavras. Um brinde ao Mário e levanto a taça. Mário PRESENTE!

 

 

 

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