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OPINIÃO

Rozana Reigota Naves é professora e pesquisadora do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP), com ênfase na área de teoria e análise linguística, aquisição de línguas e educação linguística. Tem doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília.

Rozana Reigota Naves

 

No fim de contas, a teoria é, como se diz, a mais prática das coisas, porque,

tendo sido o resultado do estudo das coisas no aspecto mais geral possível,

acaba por se tornar de utilidade universal. (Anísio Teixeira) 1 

 

Essa epígrafe, que abre o prefácio do livro comemorativo2 dos dez anos do Programa Permanente de Extensão UnB Idiomas, circunscreve este texto ao pensamento histórico de um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB), locus da implementação do Programa, e coloca em relevo a relação entre teoria e prática, ou, como pretendeu Anísio Teixeira no discurso de onde se extrai essa citação, entre ciência pura e aplicada.

 

O livro UnB Idiomas: impactos, alcances e desafios da extensão em línguas, lançado nesta quinta-feira, 26 de setembro de 2019, no Instituto de Letras (IL), alcança essas duas dimensões. Apresenta um relato sobre o desenvolvimento das ações e os resultados obtidos pelo UnB Idiomas nos últimos dez anos, desde que as atividades da então Escola de Línguas da Universidade de Brasília foram reorganizadas em forma de um programa de extensão de ação contínua. Também problematiza teórica e metodologicamente a questão do ensino de línguas, apontando para a importância da articulação entre a extensão, o ensino e a pesquisa.

 

A leitura do livro não deixa dúvidas de que o Programa UnB Idiomas colabora intensamente para o cumprimento da missão e dos valores da Universidade, que, em seu Projeto Político Pedagógico Institucional, define a extensão universitária como um eixo fundamental para o fortalecimento da função social da instituição, especialmente no que tange à difusão da cultura (de que as línguas são elemento importante) e à prestação de serviços e oferta de cursos, promovendo a troca de saberes numa relação dialógica entre a sociedade e a universidade e integrando as práticas extensionistas aos currículos de graduação e de pós-graduação, bem como à pesquisa.

 

O UnB Idiomas busca a excelência dessas práticas, constituindo-se não apenas como espaço de formação dos estudantes e servidores da UnB e da comunidade externa (incluídos os servidores de órgãos e instituições governamentais), mas também como espaço de formação dos licenciandos em Letras, que têm no Programa a oportunidade de desenvolver parte das atividades de estágio supervisionado, e dos assistentes de ensino e pesquisa em língua estrangeira, que se dedicam diretamente ao UnB Idiomas.

 

Fica explicitado, ainda, na obra, o papel do ensino de línguas, nesse modelo extensionista, para a internacionalização da Universidade. A oferta de turmas de línguas estrangeiras (em 14 idiomas) e de português para falantes de outras línguas valoriza e promove o multilinguismo e o multiculturalismo dentro e fora da Universidade, podendo-se revelar um importante instrumento de pressão social para a elaboração de políticas públicas que compreendam melhor a diversidade linguística e as dimensões local e global (da produção) do conhecimento.

 

Esses aspectos talvez definam, em relação ao UnB Idiomas, o que Anísio Teixeira sugeria, na citação, como sendo de ‘utilidade universal’, uma vez que os objetivos do Programa superam o fazer cotidiano da academia para impactar fortemente a comunidade interna e externa à instituição.

 

Espera-se que os leitores da obra sejam impelidos a apropriarem-se da tarefa de valorizar a universidade pública como instituição voltada para a sociedade e fundamental para o desenvolvimento do país.

 

Vida longa ao Programa UnB Idiomas!

 

[1] TEIXEIRA, Anísio. Ciência e arte de educar. Educação e Ciências Sociais. v. 2, n.5, ago. 1957, p. 5-22.

[2] Este artigo é uma versão adaptada do prefácio, de minha autoria, do livro comemorativo dos dez anos do Programa Permanente de Extensão UnB Idiomas.

 

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