INTERNACIONAL

Autoridades debatem temas como desenvolvimento, sustentabilidade, combate à corrupção e liberdade de imprensa

Foto: Julio Minasi/UnB Agência

 

O Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UnB), foi palco de discussões entre cinco ex-presidentes da República da América Latina. Jaime Paz Zamora (Bolívia, 1989-1993), Nicolás Ardito Barletta (Panamá, 1984-1985), Luis Alberto Lacalle (Uruguai, 1990-1995), Vinicio Cerezo (Guatemala, 1986-1991) e Carlos Mesa (Bolívia, 2003-2005) participaram de fórum promovido pela Global Peace Foundation Brasil (GPF Brasil), com o tema Brasil rumo à transformação nacional: desenvolvimento e integridade para uma liderança moral e inovadora.

 

O objetivo do evento, realizado na última quinta-feira (12), era tratar da participação da América Latina na política global e do papel que o Brasil deve assumir nesse contexto, sem deixar de observar os valores que o país compartilha com os vizinhos. A presidente da GPF Brasil, Lucilene Macedo, foi mediadora da mesa-redonda e colocou em debate temas como desenvolvimento, sustentabilidade, combate à corrupção, formação de lideranças éticas e liberdade de imprensa.

 

"Todos nós queremos uma liderança transformadora, moral e inovadora, que possa trazer desenvolvimento e integridade. O desafio é como fazer isso. Gostaria que cada um de vocês, dentro da experiência que tiveram como chefes de Estado, nos dessem apontamentos", provocou a mediadora.

 

Luis Alberto Lacalle, do Uruguai, foi o primeiro a responder, e destacou que é comum, na política, candidatos se elegerem com promessas que já sabem que não poderão cumprir. E para se ter uma liderança transformadora, é necessário verificar se as propostas políticas são justas e possíveis de se concretizarem.

 

"É preciso anunciar o que será feito, para que ninguém se sinta enganado; ver o que é possível fazer; e formar opinião a favor, não somente de deputados, senadores, ministros, mas da sociedade, porque as pessoas têm muito medo de mudanças", pontuou o ex-presidente.

Ex-presidentes do Panamá, Uruguai, Bolívia, Guatemala em fórum na UnB. Foto: Marcela D'Alessandro/UnB Agência

 

O ex-chefe de Estado do Panamá, Nicolás Ardito Barletta, elencou ainda outros itens, como a melhoria econômica e social, da educação, da institucionalidade política, da infraestrutura física do país, dos serviços públicos, do combate à pobreza e da governabilidade. "Todos esses fatores são chave para a transformação dos nossos países", avaliou.

 

Ex-presidente da Bolívia, Carlos Mesa ressaltou a necessidade de maior integração entre os países latino-americanos. "Falamos muito de trabalho comum, de irmandade, e não estamos levando adiante processos reais que nos conectem, que vão além de instituições e de palavras. Brasil, Bolívia, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai devem entender que somos uma totalidade e que não poderemos construir um futuro comum se não somos capazes de entender que a integração é um projeto fundamental", concluiu Mesa.

 

Jaime Zamora, que também comandou a Bolívia anos antes de Carlos Mesa, afirmou que vontade e compromisso são necessários para atender aos anseios da população. "Política é solucionar o problema do outro", resumiu, em uma frase.

 

O ex-presidente da Guatemala, Vinicio Cerezo, primeiro civil eleito para o cargo após 32 anos de ditadura militar, ressaltou a importância do envolvimento da juventude na política. "Quando as democracias começam a ter problemas, é porque os jovens estão pensando somente em suas atividades e educação pessoais, no êxito individual", diagnosticou Cerezo.

 

"Mesmo que o indivíduo se dedique estritamente à carreira científica, ou a um objetivo fundamental de caráter pessoal, deve se preocupar em conhecer a problemática nacional. Tem que estar inteirado e interessado no que está acontecendo na política. Somente dessa maneira, a juventude pode se manter vinculada às ações necessárias para corrigir e aperfeiçoar a democracia", apelou o político.

Fórum debate a participação da América Latina na política global. Foto: Julio Minasi/UnB Agência

 

GPLC 2015 - O fórum – que foi seguido pela realização de painéis sobre educação, direitos humanos e relações internacionais, na Câmara dos Deputados –, compõe a programação da Global Peace Leadership Conference 2015 (GPLC 2015), conferência que existe desde 2010 e está na terceira edição. O objetivo é reunir governo, empresas privadas e terceiro setor para debater maneiras de formar lideranças éticas e capazes de enfrentar os desafios que o país terá nos próximos anos.

 

A Missão Presidencial da América Latina, da qual os cinco ex-presidentes fazem parte, foi fundada em 2012, com o intuito de ajudar os países na busca de soluções para diversos problemas e desafios. A ideia é levar reflexões que permitam o desenvolvimento de um novo conceito de sociedade.

 

"Considero iniciativas como essa muito importantes", disse a vice-reitora da Universidade de Brasília, Sônia Báo. "Por meio da educação dos jovens, conseguimos formar novas lideranças, que darão continuidade ao trabalho já iniciado, e que vão garantir, espero, um ambiente em que predominem a paz, a valorização das questões humanas, a ética, a sabedoria da tolerância. É disso que nossa sociedade precisa", afirmou.

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