LUTO

Fundador do Coral dos Cinquentões morre aos 61 anos

 

Foto: Paulo Castro / Secom UnB

 

A música ficou mais triste nesta sexta-feira (9). A morte do regente Sérgio Kolodziey durante a madrugada deixa órfãos corais, como o dos Cinquentões da Universidade de Brasília e compromete projetos que levam sessões de musicoterapia a pacientes com Alzheimer. O mestre autodidata estava internado no Hospital Universitário de Brasília (HUB) com disfunções cardiovasculares desde 21 de novembro. Precisou ser transferido ontem (8) para o Hospital de Base, onde faleceu.

 

“Perdemos uma pessoa fora de série, um amigo carinhoso”, lamenta a aposentada Vanda Dantas, que coordenou o Coral dos Cinquentões durante cinco anos e conhecia o músico há 40. “Estou sem chão. Ele vai fazer muita falta. Era uma pessoa única, inspiradora”, diz a coralista Vera Viegas, que participa das atividades na UnB desde 2003.

 

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, avalia que “a Universidade perde muito. O coral é tradicional e representava muito para todos nós”.

 

Muito emocionado com a perda, Magno de Assis, um dos responsáveis pelas atividades artísticas da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA/DAC), está preocupado com o futuro dos corais. “É difícil saber o que vai acontecer sem a participação desse jovem da terceira idade que era o Sérgio”.

 

A diretora de Arte e Cultura da DEA, Brenda Oliveira, considera que o trabalho do regente “tem papel social muito importante, principalmente para os idosos”. Segundo ela, a UnB fica com a missão de manter parte das iniciativas de Sérgio. Gestora da DEA por oito anos, a servidora aposentada Lucila Souto Mayor classifica o músico como “um companheiro dedicado e parceiro da UnB”.

 

Os professores do curso de Fonoaudiologia lamentaram a morte do professor que "nos últimos 18 meses os brindou com a alegria contagiante da voz e da música nas atividades extensionistas e com a pesquisa no cuidado com a voz e com o idoso".

 

Encantado pela capital do país, o paulista Sérgio Kolodziey fundou o Coral dos Cinquentões no fim da década de 1990 e também foi responsável por iniciativas, como o Coral Projeto Vida, que reunia jovens de São Sebastião, e o Coral Conviver, conhecido por levar música a pacientes com Alzheimer no HUB. Antes da piora do estado de saúde, em novembro, o músico de 61 anos trabalhava na produção de um encontro de corais na Universidade.

 

CIDADÃO HONORÁRIO – A trajetória de Sérgio Kolodziey rendeu o título de Cidadão Honorário de Brasília. A honraria foi concedida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em maio do ano passado. Pouco antes da homenagem, concedeu entrevista à Secretaria de Comunicação da UnB, em que falou sobre seu trabalho com idosos. “Aqui as pessoas são vistas como são, sem distinção de cargos ou títulos. Muitas vezes os lados profissional e intelectual sufocam sonhos e talentos”.

 

Na reportagem, explica que as motivações dos cantores da terceira idade vão da terapia à busca por relacionamentos. “A gente se prepara para tudo na vida, mas não para se aposentar. Essa é a oportunidade para deixar aflorar tudo o que foi represado”, disse.