Regida pelo maestro Jorge Antunes, obra se utiliza de música e teatro para propor reflexão sobre aspectos democráticos

 

Elenco da Ópera Olympia ou Sujadevez. Foto: Júlio Minasi / Secom UnB

 

Cenário, caracterização e linguagem que remetem à Grécia Antiga chamaram atenção de quem passava pelas proximidades do Restaurante Universitário (RU) e do Café das Letras, nesta terça-feira (22), durante o intervalo do almoço. A cena faz parte da ópera de rua Olympia ou Sujadevez, de autoria de Jorge Antunes, maestro e professor aposentado do Departamento de Música da Universidade de Brasília.

A aluna Lorena Nunes gostou da provocação feita pela ópera. Foto: Júlio Minasi / Secom UnB

 

Por meio da música e do teatro, a obra se apropria de elementos do mundo grego antigo para satirizar a situação da política brasileira atual. Participam do espetáculo cantores solistas e coro, acompanhados por uma orquestra integrada de flautim, flauta, clarinete, clarinete baixo, violão, percussão, violoncelo, fagote e baixo elétrico. Após os trocadilhos e críticas que perpassam toda a composição, o público recebe cédulas para votar em um dos três desfechos propostos: o primeiro coro clama "fora todos!"; o segundo brada que "não vai ter golpe"; e o terceiro grita "viva o Michelius Thêmerus!".

 

A atividade cultural é fruto de uma parceria entre o maestro e a Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA). “A Universidade é um ambiente propício para a manifestação democrática. Com essa obra, propomos um exercício da democracia dentro do campus. É uma ficção inspirada na realidade e, por isso, tem muito a contribuir nesse momento de reflexão, nos possibilitando ouvir a comunidade de uma forma poética”, explica Magno de Assis, chefe do setor de Arte e Cultura da DEA. O maestro Antunes afirma que a sua arte sempre teve viés político e que essa obra consegue chamar atenção tanto dos adeptos à direita quanto dos à esquerda política, por tratar o tema de forma divertida.

Victor Hugo, ao centro, acompanhado dos colegas Rodrigo Teodoro e Helard Becerra. Foto: Júlio Minasi

 

A estudante de Engenharia Civil, Lorena Nunes de Macena, aproveitou o horário de almoço para assistir à apresentação e aprovou a atividade: “a arte tem como finalidade fazer você pensar, te tirar um pouco da sua realidade e fazer você enxergar com outros olhos. Essa proposta, com instrumentos clássicos, trata com leveza e de forma despojada a situação política nacional, que está bem complicada“.

 

Victor Hugo Queiroz, que cursa o 6o semestre de Música, conta que entre o repertório estudado está o do maestro Antunes. Ele acredita que “a arte geralmente reflete o momento que a sociedade vive e que a iniciativa de criar essa obra é um forma de o autor registrar, para as gerações que virão, o momento político que estamos vivendo”. Victor ressalta que a ideia de a plateia decidir o final é um elemento diferente, umas das peculiaridades que essa ópera de rua proporciona, considerada por ele um aspecto importante no fazer artístico.