INCLUSÃO

UnB discute ações para combater esse crime em nível nacional e local. Investimentos e capacitação pautaram reuniões

 

 

Foto: Luiz Alves

 

O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial foram tema de dois encontros de representantes da UnB com as pastas da Presidência da República e do Distrito Federal que tratam do assunto. Na última semana, a Decana de Assuntos Comunitários da Universidade de Brasília, Thérèse Hofmann, e a diretora de Diversidade, Maria Inêz Montagner, estiveram com a secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luislinda Valois, para debater a pauta. Elas também foram recebidas na quarta-feira (13) pelo subsecretário de Igualdade Racial do DF, Victor Nunes.

 

Durante a reunião na Seppir, a secretária Luislinda Valois afirmou que uma das prioridades da pasta é combater o alto índice de assassinatos de jovens negros e pobres, que são os principais afetados pela violência no país, conforme apontam as pesquisas e os monitoramentos feitos pelo Plano Nacional de Enfrentamento aos Homicídios de Jovens.

 

A titular da pasta também acrescentou que o racismo no Brasil persiste de forma mascarada e que é necessário fortalecer as políticas voltadas ao enfrentamento da discriminação. “À medida que a sociedade vai mudando, o racismo também se modifica. Uma nova roupagem é utilizada para fingir que nada está acontecendo”, disse Valois.

 

“Temos que ter uma integração muito forte. Contamos com ONGs, governo, redes de universidades e a comunidade, a fim de desenvolver pesquisas e utilizar os dados para subsidiar ações”, destacou a decana de Assuntos Comunitários da Universidade, Thérèse Hofmann. “Com a informação correta, os recursos são aplicados da melhor maneira e os problemas se resolvem”, ressaltou.

 

Thérèse também chamou atenção para a importância de se oferecer condições para a permanência de estudantes cotistas na Universidade e de se investir em cursos de conscientização para agressores. “No combate à violência contra a mulher, por exemplo, temos que contribuir de forma que o denunciado entenda que ele precisa mudar”, afirmou.

 

A diretora de Diversidade da UnB, Maria Inêz Montagner, trouxe à pauta a formação de pesquisadores em saúde da população negra que, segundo ela, precisa de mais investimentos.

 

MESTRADO PROFISSIONAL – A Universidade de Brasília e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial já possuem ações conjuntas para o enfrentamento do racismo. Entre elas, está o mestrado profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT), oferecido pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB.

 

Com duração de 24 meses, o curso aborda as linhas de pesquisa Gestão Territorial e Ambiental, Educação Intercultural para a Sustentabilidade e Produção Sustentável e Segurança Alimentar. O objetivo é formar profissionais para o desenvolvimento de pesquisas e intervenções sociais, com base no diálogo de saberes científicos e tradicionais em prol do exercício de direitos, do fortalecimento de processos autogestionários da vida, do território e do meio ambiente, da valorização da sociobiodiversidade e da salvaguarda do patrimônio cultural (material e imaterial) de povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais.

 

PARCERIAS REGIONAIS – A manutenção de parcerias e o reforço de ações integradas da UnB com a Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal foram foco de reunião entre as instituições na última quarta-feira.  O encontro discutiu ações de ensino, pesquisa e extensão sobre questões raciais, especialmente, o racismo institucional (quando a desigualdade ocorre dentro de instituições públicas ou privadas).

 

Segundo Thérèse Hofmann, o objetivo da reunião realizada com o subsecretário de Igualdade Racial do DF, Victor Nunes, foi ampliar o trabalho conjunto já existente, com o intuito de reforçar a importância das discussões e dos projetos voltados ao combate ao racismo na instituição.

 

Para Nunes, essa ideia da parceria é uma via de mão dupla. "A UnB tem expertise para nos ofertar e nós temos, em contrapartida, a inserção das políticas de igualdade social e de enfrentamento ao racismo nos campi da Universidade. O retorno que essas duas instituições darão à cidade é muito significativo”, avalia.

 

Uma das iniciativas previstas para este ano é a participação da subsecretaria na programação da campanha UnB Diversa e Plural, que visa fomentar o respeito à diversidade e o convívio pacífico na Universidade. Outras propostas de parceria debatidas na reunião foram a realização de seminários sobre as questões etnicorraciais, projetos de empreendedorismo e pesquisas com comunidades tradicionais de terreiros. Também há a intenção de realizar na UnB o curso de Promoção à Igualdade Racial e Enfrentamento ao Racismo da Escola de Governo, que deverá será oferecido à comunidade acadêmica como curso de extensão.

 

Além disso, a Universidade busca maior aproximação com as pessoas que participam de projetos desenvolvidos pela Secretaria sobre a temática, por meio da integração de bolsistas do Edital Afroatitude da UnB. “Queremos apresentar aos nossos alunos que estão com bolsas desse edital os locais de atuação da Secretaria para que eles também possam se inserir”, afirma Hofmann.