ARTE

Exposição na Casa da América Latina (CAL/DEX) explora tema da velhice na população LGBT. Mostra segue até 17 de julho

 

Visitantes na noite de abertura da exposição. Foto: Caio Sato

 

Envelhecimento, ativismo político e o tempo dos jovens são os três pilares em se que baseia a exposição coletiva O tempo de nossas vidas, que reflete sobre temática LGBT. Sediada na Casa da Cultura da América Latina (CAL/DEX), a mostra está aberta à visitação até 17 de julho.

Com curadoria de Clauder Diniz, graduando em Teoria, Crítica e História da Arte na UnB, a exposição reúne 18 artistas de arte contemporânea, brasileiros e estrangeiros. De acordo com o curador, o idoso já é invisibilizado, mas isso se agrava quando faz parte da comunidade LGBT.

“Existem peculiaridades, como, por exemplo, uma pessoa que passa por transição hormonal e tem uma necessidade específica de reposições para a vida toda. Não estamos preparados para pensar nisso”, analisa.

A expectativa de vida, por si só, já se mostra como um desafio para esse recorte da população. Ao passo que a média para brasileiros é de 75 anos, para uma pessoa transexual essa fronteira é de 35 anos. “Para esse público, envelhecer já é uma grande vitória”, comenta o curador.

Segundo Alex Calheiros, diretor da CAL, a exposição dialoga com a territorialidade da Casa, localizada em um setor historicamente ocupado por população LGBT. “Além de se aproximar do local, numa busca de representar o território ocupado, a mostra também atende ao interesse de incluir as linguagens artísticas da América Latina”, reforça.

PONTAPÉ  Clauder Diniz explica que, ao longo do percurso de construção da mostra, a exposição extrapolou a proposta inicial, que era o envelhecimento das pessoas LGBT. “Acabamos não dando enfoque apenas às pessoas já mais velhas, ou destacando seus problemas. A mostra é para realçar como a arte pode ajudar a refletir sobre esses assuntos”, considera.

Clauder Diniz (esquerda), apresenta exposição a visitantes. Foto: Caio Sato

 

Durante a pesquisa, o curador conta ter percebido que o tema era pouco tratado nas artes, de forma que impulsionou a exposição para outras abordagens, como mostrar o envelhecimento não só pelo viés da seguridade social, mas traduzir como o idoso atual tem uma vida distinta daquele de 30 anos atrás.

“Hoje vivem, viajam, e vão além do preconceito de que o idoso é assexuado. Pessoas maiores de 60 anos também têm desejo e subvertem rótulos”, observa Clauder.

O diretor Alex Calheiros destaca que a CAL tem papel formativo para a comunidade e que uma de suas funções é despertar o público para aquilo que está invisibilizado. “Estamos abrindo o debate. Existe público e demanda por abordar o tema. Faz parte da vocação da CAL desempenhar este papel." A Casa da Cultura da América Latina fica no Setor Comercial Sul, Quadra 4, Edifício Anápolis.

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