URBANISMO

No ano em que Alice no País das Maravilhas comemora 150 anos, professor da FAU lança HQ mitológica em Brasília

Foto: Gabriela Studart/Secom UnB

 

Thalija é uma jovem brasiliense em dúvida sobre seguir ou não a profissão dos pais, que são arquitetos. Em sua busca, a garota decide explorar a capital Brasília. Deixa a Superquadra onde mora e, ao atravessar um "portal" no Conic – edifício localizado no Setor de Diversões Sul –, cai nos "subterrâneos da cidade".

 

Ao longo do caminho, ela, "uma Alice candanga" – nas palavras do autor –, encontra seres incríveis, como o Tatu, o Metrossauro e o Minhocão.

 

Com criatividade, críticas ácidas, boa dose de humor e generosidade, Thalija, uma história em quadrinhos desenhada à mão, traz à tona série de questões urbanas e personagens mitológicos de Brasília. Entre eles, o próprio urbanista Lúcio Costa.

 

A história faz referência à famosa obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, que neste ano completa 150 anos.

 

Na HQ brasiliense, a aventura começa e termina em clima de protesto. Logo na primeira página, a heroína está em frente aos arcos do Itamaraty em meio às manifestações de junho de 2013. Nos últimos quadrinhos, ela se vê no mezanino da FAU, onde alunos protestam por causa dos móveis velhos e quebrados.

Foto: Divulgação/Secom UnB

 

"Criei a história nos momentos livres, na fila do banco, à espera do voo, antes de um jantar", conta o professor de Arquitetura da UnB Frederico Flósculo, crítico dos descaminhos de Brasília, cidade que ama.

 

"Thalija é para mim fora de série, como essas criações rebeldes e teimosas. Através de sua história, achei um jeito de falar sobre essa cidade oculta chamada Brasília", conta o autor, na abertura da HQ. "A palavra nasce da combinação das primeiras sílabas dos nomes de minhas filhas: Lívia, Thaís e Jaina", explica. "Jaina vem do sânscrito".

 

Para ele, a HQ ajuda a popularizar o conhecimento sobre urbanismo. "Os artigos científicos influenciam pouco as políticas públicas", observa. "A universidade precisa se envolver mais com os problemas sociais", defende.

 

À MÃO LIVRE - Além de popularizar o conhecimento, a HQ, segundo o professor, pode ajudar a recuperar o desenho à mão livre, "deixado de lado pelos alunos por causa do computador". Pensando nisso, oficina deve ser oferecida na FAU, no próximo ano, como disciplina optativa. "Os estudantes fazem Arquitetura, em primeiro lugar, porque gostam de desenhar", ressalta Flósculo.