CIÊNCIA

Pesquisadores de universidades brasileiras e de outros países se reuniram em Brasília para debater o histórico e os riscos futuros de abalos sísmicos no país

Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

O Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília (UnB) foi palco do I Simpósio Brasileiro de Sismologia. Com atividades entre os dias 5 e 9 de dezembro, o evento reuniu especialistas de renome no país e no mundo. O objetivo era trazer o histórico de abalos sísmicos no Brasil e debater as ameaças que ainda existem.

 

Pesquisadores ofereceram minicursos e palestras e discutiram projetos apresentados pelos participantes. Uma das atividades, destacada pelo presidente do evento e professor de Sismologia da UnB, Lucas Vieira Barros, foi a divulgação do mapa de ameaças sísmicas no Brasil. "Esse mapa é resultado de anos de trabalho de instituições sismológicas brasileiras. Ele é de extrema importância para a engenharia, para que possam construir edificações sismo-resistentes e evitar que danos, em decorrência desses sismos, aconteçam no futuro", explica. Segundo ele, o mapa indica os locais em cada região do país com potencial de sofrer abalos.

 

"A sismologia é importante não só porque de vez em quando ocorrem tremores fortes que causam pânico à sociedade, com riscos de danos, mas também como ciência para estudar o interior da Terra. E nesse campo há vários desafios: um deles é entender por que algumas regiões do Brasil têm mais tremores que outras", afirma o professor titular do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Assunção.

Jorge Hildebrand: sismicidade é preocupação real no Brasil. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

"Há outros problemas, como a sismicidade induzida por barragens e reservatórios, que, às vezes, provocam tremores de terra; mas ainda não temos um bom conhecimento para poder prever quais as barragens novas irão provocar esses tremores ou não", revela o professor da USP. No simpósio, também foram debatidas as incertezas quanto ao que provocou o rompimento da Barragem em Mariana (MG), pois foram registrados eventos sísmicos na região anteriormente.

 

O presidente da Sociedade Brasileira de Geofísica, Jorge Hildenbrand, acredita que o grande desafio da Sismologia, hoje, é convencer as pessoas de que o Brasil não é um território tão estável, geologicamente ou tectonicamente, que seja imune aos terremotos. "Ou seja, convencer toda a comunidade que o país tem, efetivamente, um nível de instabilidade significativo e que a sismicidade deve ser uma preocupação real dos pesquisadores", enfatiza.

 

ESTUDOS NA UnB - A diretora do Instituto de Geociências (IG) da UnB, Márcia Abrahão Moura, ressalta que a Universidade se destaca nos estudos de abalos sísmicos. "Apesar de estarmos em uma área segura, em termos de terremotos, estamos monitorando os sismos que acontecem em todo o mundo. Existe uma rede internacional, de que o Brasil faz parte, e a UnB  tem estações espalhadas por todo o Brasil. É uma área muito importante não só para a ciência, mas também para os cidadãos", assegura, ao lembrar que o IG completa 50 anos de atividades neste ano, com cursos de graduação em Geologia, Geofísica e Ciências Ambientais, e de pós-graduação em Geologia, Geociências Aplicadas e Geoprocessamento.

Diretora Márcia Abrahão destaca atuação do Instituto de Geociências da UnB. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

A pesquisa em sismologia cresce a cada dia com a implantação da Rede Sismográfica Brasileira que motivou a realização do simpósio na UnB, para que pesquisadores e estudantes pudessem divulgar trabalhos, discutir projetos, compartilhar ideias e experiências. "Um evento como esse dá muito trabalho, mas sempre é muito proveitoso", avalia o reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo.

 

"Uma das coisas que esperamos é que esse encontro fortaleça ainda mais a cooperação entre as várias instituições e possa motivar novos alunos a realmente abraçarem a sismologia e fazerem carreira na área, que é muito interessante", conclui o professor Marcelo Assunção.

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