PARTICIPAÇÃO

Questões como assédio, violência sexual e participação feminina na política contemporânea foram abordadas pela especialista Flávia Biroli, do Instituto de Ciência Política

 


Conferência com a professora Flávia Biroli inaugurou atividades da Semana da Mulher. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Entre 193 países analisados, o Brasil ocupa apenas a posição de número 152 em participação de mulheres na política. Na América Latina, somente Belize e Haiti estão em situação inferior à brasileira. O dado é da União Internacional Parlamentar (IPU) e foi apresentado na manhã desta segunda-feira (5) ao público presente na abertura da Semana da Mulher UnB. A docente Flávia Biroli, do Instituto de Ciência Política (Ipol), ministrou palestra sobre questões de gênero e desafios para a democracia. "Essa exclusão se acentua ainda mais se temos em mente as mulheres negras e indígenas", destacou a professora.

Entre os assuntos trazidos ao debate estiveram participação política, assédio, violência sexual, desigualdade racial, igualdade de gênero e respeito à diversidade. “As barreiras para a participação política das mulheres são evidências de que existem problemas nos regimes políticos definidos como democráticos", disse a palestrante. Para ela, a participação majoritariamente masculina na política é uma falha que expõe os limites ou a baixa efetividade dos governos democráticos modernos.

Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), Flávia Biroli frisou o quanto fatores observados no dia a dia – acesso a renda, seguridade, saúde, violência – demonstram como a "seletividade de gênero é racializada e incide de maneira diferente sobre as mulheres segunda sua posição de classe". "Essa seletividade define o gênero, a cor e a classe da política nas democracias contemporâneas”, considerou.

Apesar dos entraves citados, a pesquisadora reconheceu que as mulheres já têm atuado politicamente em diferentes espaços sociais, com diversas posições ideológicas. "É das vozes das mulheres, em suas diferenças, que são enunciados, hoje, desafios incontornáveis para a democratização das democracias”, afirmou.

SEMANA DA MULHER – A abertura da Semana da Mulher contou com a presença da reitora Márcia Abrahão, do decano de Assuntos Comunitários, André Reis, e da decana de Extensão, Olgamir Amancia. “Temos na Universidade as principais cabeças pensantes do país na área de direitos humanos e gênero. Precisamos canalizar nossos esforços para deixar um legado sobre o respeito às mulheres”, ressaltou a reitora, destacando como a campanha UnB Mais Humana e a sequência de atividades previstas para a semana temática se propõem a valorizar esse protagonismo.

A conferência Gênero e os desafios para a democracia aconteceu no anfiteatro 9 do Instituto Central de Ciências (ICC), no campus Darcy Ribeiro. Além dela, mais de 20 atividades gratuitas e abertas à comunidade movimentam a Semana da Mulher UnB. De 5 a 9 de março, estão previstas conferências, oficinas, minicursos, rodas de conversa, exibição de filmes e intervenções artísticas e culturais nos quatro campi da UnB. Instituto Federal de Brasília (IFB Campus Estrutural) e Embaixada da França também estão na rota das ações.

Assédio contra as mulheres é o tema central da semana, mas assuntos, como inclusão, violência, saúde, políticas públicas e relações internacionais também estarão presentes, algumas com enfoque específico de etnia, raça ou sexualidade. A iniciativa foi construída coletivamente por unidades da UnB, núcleos de pesquisa e extensão, coletivos feministas, centros acadêmicos, instituições governamentais, sindicatos e entidades da sociedade civil. Saiba mais.

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