MEIO AMBIENTE

Representantes de comunidades indígenas, quilombolas e sociedade civil de diversos países compartilharam saberes para evitar queimadas em áreas de savana

Líderes indígenas e servidor do MCTI
Vincenzo Lauriola, servidor do MCTI, apresenta as lideranças do seminário. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

O Centro de Excelência em Turismo (CET) sediou nesta quinta-feira (16), o seminário Manejo intercultural e participativo do fogo na América do sul: experiências e desafios, que integra os saberes de povos tradicionais com as novas técnicas de manejo do fogo em ambientes de savana. Os participantes almejam a criação de uma rede sul-americana voltada ao tema.

 

O evento discutiu o resultado da oficina Manejo do fogo por povos indígenas e tradicionais da América do Sul, que aconteceu em Brasília nos dias 11 e 13 de março, com trabalho de campo em Cavalcante no dia 15, e reuniu participantes da Guiana, Venezuela, Reino Unido, povos tradicionais brasileiros e órgãos governamentais.

 

As práticas de uso do fogo estão proibidas desde a edição da Lei nº 12.651/12 que, em seu capítulo IX, proíbe a utilização do fogo e acaba afetando práticas tradicionais de controle de incêndio de muitas comunidades. “As políticas brasileiras sobre o uso do fogo mudaram e hoje o pensamento ecológico evoluiu. É necessário manejar o fogo ao longo do ano para evitar incêndios não controlados”, explica Ludivine Eloy, professora visitante do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB.

 

Com o objetivo de possibilitar a troca de conhecimento e experiências entre representantes dos povos tradicionais e pesquisadores e gestores de política pública, a oficina abriu espaço para as populações dizerem como esperam que as ações referentes ao tema sejam conduzidas. “Antes, não havia articulação entre as comunidades nem se sabia que isso estava sendo debatido”, afirma Euzébio Makuchi, do povo Makuchi.

Michael Williams, representante dos povos indígenas da Guiana. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Durante as oficinas, os participantes resgataram conhecimentos ancestrais sobre a prática de queimada, ouviram sobre técnicas contemporâneas para serem aliadas aos saberes tradicionais, produziram cartazes e discutiram a formação da rede sul-americana. "O que aprendi aqui não vai servir só para mim, vou levar para a minha comunidade", enfatiza Marcelo Gavião, do povo Gavião.

 

"Pode-se criar um bom resultado na junção entre saberes práticos e teóricos", disse Michael Williams, representante de vinte tribos e dez mil indígenas da Guiana. “Estive na Venezuela e aprendi muito, percebi que temos os mesmos problemas. No nosso país é ainda um pouco mais grave, porque somos independentes há apenas 50 anos e ainda estamos escrevendo nossa legislação”, enfatiza Williams.

 

As atividades das oficinas e discussão do seminário foram construídas como um conhecimento coletivo no contexto latino para que as experiências em diferentes tipos de manejo de savana possam ser ampliadas e as técnicas, utilizadas em mais áreas. "É importante a construção coletiva com esses povos brasileiros e latino-americanos para que as técnicas tradicionais de uso e manejo do fogo sejam reconhecidas e valorizadas e para que eles tenham a oportunidade de trocar conhecimentos com instituições e pesquisadores", conclui Gabrielle Guimarães, coordenadora de prevenção de Ilícitos da Coordenação geral de monitoramento territorial da Funai.

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