Membros da Administração Superior da Universidade de Brasília e representantes do movimento Ocupa UnB se reuniram em audiência pública para negociar a liberação dos espaços que ainda estavam ocupados na UnB. O encontro ocorreu, nesta quarta-feira (14), no auditório da Reitoria, com a mediação da procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira.
A reunião estava prevista desde a semana passada, quando estudantes e Reitoria encaminharam acordo para a liberação imediata de seis espaços da Universidade.
Após a votação em segundo turno da PEC 55 no Senado Federal, as partes deram continuidade ao que havia sido estabelecido, procedendo à desocupação das demais instalações, que incluem áreas das faculdades de Arquitetura (FAU), de Comunicação (FAC), de Planaltina (FUP), do Bloco de Salas de Aula Norte (BSAN), do Instituto de Artes (IdA) e do Centro de Excelência em Turismo (CET). “Consideramos que a pauta da desocupação está plenamente vencida a partir de hoje”, declarou o decano de Assuntos Comunitários, André Reis.
AUDIÊNCIA – Na abertura da sessão, o decano André Reis reforçou o posicionamento da Administração Superior em manter diálogo permanente com os estudantes. O chefe de gabinete da Reitoria, Paulo César Marques, relatou desdobramentos do acordo firmado entre as partes na primeira audiência.
“Uma comissão para avaliar a possibilidade de ampliar os benefícios de assistência estudantil e outra para discussão permanente sobre assuntos que envolvam a educação foram criadas ontem. Na segunda-feira (12), realizamos reuniões setoriais com representantes das ocupações na FUP, FAU, FAC, BSAN e IdA para definir uma agenda de pautas específicas”, explicou.
A primeira reunião para tratar desses temas está agendada para a próxima segunda-feira (19). Alunos que integraram as ocupações em diferentes unidades e membros da Reitoria devem estar presentes.
No encontro, serão discutidas ações prioritárias para resolução de demandas levantadas pelos estudantes e haverá definição de um cronograma de reuniões para que o diálogo entre as partes seja mantido. Na ocasião, a administração também apresentará aos estudantes o levantamento de eventuais prejuízos patrimoniais ocasionados durante o período de ocupações.
DIÁLOGO – Uma representante do movimento Ocupa UnB, que preferiu não se identificar, defendeu a importância das ocupações para a retomada de um diálogo “justo e respeitoso” entre a juventude, insatisfeita com os modelos sociais e políticos vigentes, e os gestores da Universidade.
“A falta de diálogo estava prejudicando as possibilidades de avanço intelectual no espaço universitário. Daqui em diante, teremos um exercício de pensar como vamos nos comportar a partir das consequências da aprovação da PEC 55. Acreditando na nova gestão, desocupamos os espaços e esperamos que o diálogo continue acontecendo da forma mais honesta possível”, disse a estudante.
A procuradora Luciana Loureiro, do Ministério Público Federal, destacou o acordo entre alunos e administração superior para o retorno das condições de normalidade no funcionamento da UnB.
“O diálogo construído a partir desse movimento, que o Ministério Público reitera como legítimo, é uma demonstração da força que os estudantes ainda têm nesse país. As obrigações que competiam à Reitoria estão cumpridas ou encaminhadas e fico satisfeita por saber que a instituição voltou a funcionar totalmente”, declarou.
A procuradora mencionou em sua fala a nota técnica publicada, na última segunda-feira (12), pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, defendendo a legitimidade das ocupações de escolas, institutos federais e universidades.