55 ANOS

Reunião marcou celebração pelo aniversário da Universidade

Reitora Márcia Abrahão apresenta a edição especial da revista Darcy. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Na tarde de quarta-feira (26), ocorreu sessão solene do Conselho Universitário (Consuni) em comemoração aos 55 anos da UnB. A cerimônia aconteceu no auditório da ADUnB, no campus Darcy Ribeiro, e dá continuidade à série de eventos na semana pela data. 

 

O evento foi marcado pela homenagem aos professores eméritos Aldo Paviani, Lia Zanotta Machado e Isaac Roitman. Houve ainda lançamento de número especial da revista Darcy. Por fim, homenagem a dois egressos, os instrumentistas Hamilton de Holanda e Roberto Corrêa, que fizeram pequena apresentação musical para o público presente.

 

A mesa do Conselho foi composta pela reitora Márcia Abrahão, pelo vice-reitor Enrique Huelva, pelos professores Aldo Paviani e Lia Zanotta Machado e pela subsecretária de Órgãos Colegiados, Ionete Eunice Araújo.

 

Além de membros da gestão superior da UnB, estiveram presentes representantes diplomáticos, deputados distrital e federal.

 

No início do Conselho, foi dedicado um minuto de silêncio em memória ao jornalista e professor emérito da UnB Carlos Chagas, que morreu na manhã de quarta-feira (26).

 

COMEMORAÇÃO – O vice-reitor Enrique Huelva, presidente da Comissão UnB 55 anos, iniciou a sessão solene. “Foi uma tarefa árdua. Muito a se fazer, com poucos recursos”, comentou. Huelva reforçou o significado da palavra comemorar: “Celebrar o caminho cursado e projetar o futuro”, disse.

 

Na sequência, o professor e secretário de Comunicação da UnB, Sérgio de Sá, apresentou edição especial da revista Darcy. Lançada à época da gestão do reitor José Geraldo (2008-2012), a publicação deixou de circular nos últimos três anos. Apesar de ser regularmente voltada para a publicação científica e cultural, a edição comemorativa focou nas histórias de 50 pessoas que vivenciam o dia a dia na Universidade. Além disso, destacou cinco momentos marcantes da instituição.

 

CIÊNCIA E OUSADIA – Aldo Paviani e Lia Zanotta Machado fizeram ponderações sobre a história e a importância da UnB, sob a perspectiva do lema "Ciência e Ousadia", adotado em celebração aos 55 anos da Universidade.

 

A professora Lia Zanotta, do curso de Antropologia, leciona na UnB desde 1977. Refletiu sobre as mudanças pelas quais a Universidade passou. “Faço um convite para pensarmos o futuro da UnB e o nosso”, disse. Zanotta afirmou que ingressou na instituição quando havia evasão de professores, em resistência à ditadura militar. “Ficar também foi um ato de resistência. E essa ação ainda é fundamental nos dias de hoje”, ponderou.

 

“Precisamos dar continuidade na luta pelos direitos sociais que nos foram garantidos em 1988, na Constituição Federal, e que foram reduzidos com o passar do tempo. É fundamental pensar a produção da ciência, defender a liberdade de ensino e de pluralidade”, alertou.

 

“A UnB teve, tem e terá papel relevante na cidade, no país e na América Latina.” Assim começou a fala do geógrafo Aldo Paviani, professor da UnB por 30 anos. O homenageado também relembrou o período da ditadura militar e o impacto para a atividade universitária. “A instituição abrigou a nata do pensamento intelectual do Brasil à época. Agora está em um momento de renovação do pensamento de Darcy”, afirmou.

 

HOMENAGENS – Paviani, Zanotta Machado e Roitman receberam das mãos da reitora Márcia Abrahão homenagem em agradecimento pela “dedicação e generosidade em gerar e compartilhar conhecimento na UnB”.

 

Em seguida, Abrahão abriu sessão para as contribuições dos conselheiros. “Vemos com muita tristeza algumas ações que querem retroceder o caminho trilhado. Daqui a 55 anos, queremos ouvir a história de resistência dos estudantes, face às dificuldades enfrentadas hoje”, disse, em menção, entre outros temas, ao corte de 40% do orçamento da UnB para 2017.

 

“A UnB foi pioneira na oferta de cotas para negros. Agora, queremos retomar as cotas para indígenas, paradas nos últimos três anos. A Universidade está preocupada com a inclusão e a permanência dos estudantes aqui”, declarou.

 

A reitora destacou vários desafios para a pesquisa produzida na instituição. “É preciso melhorar a qualidade da pesquisa, promover a inserção internacional e estimular a produção de pesquisas de alto nível”, afirmou. “A Universidade precisa ser ousada nas suas proposições. Não pode continuar a reutilizar os mesmos recursos científicos. Precisamos ousar, inovar.”

 

CONSELHEIROS – O professor Fernando Oliveira Paulino, diretor da Faculdade de Comunicação (FAC), parabenizou a UnB e destacou que neste ano celebra-se, também, os 85 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Formulado por várias educadores, entre eles, Anísio Teixeira e Cecília Meireles, o documento foi instigador do projeto de criação da UnB.

 

Em sequência, a professora Maria Lúcia Leal lembrou o momento de criação do Centro de Estudos Multidisciplinares (Ceam), do qual é diretora. Surgido em 1986, nasceu para “explicar a relação com a sociedade de forma multi e interdisciplinar e transversal. Entendemos, neste momento de desmonte da democracia brasileira, que o Ceam é de extrema importância para a luta por uma universidade livre”, disse.

 

Vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas (IH), o professor Perci Coelho Souza reforçou que o momento é de enfatizar a ousadia política dos criadores da UnB.

 

Falou também a professora Lourdes Bandeira, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher (Nepem). Ela reafirmou a importância do Nepem e dos debates acerca das condições apresentadas às mulheres na sociedade brasileira.

 

O ex-reitor José Geraldo afirmou que a instituição tem razões para comemorar e se rejubilar. “Oferta educação pública, gratuita, laica. Leal ao conhecimento civilizatório e ao povo”, destacou. “Agora abre lugar para o protagonismo feminino. A UnB tem trajeto de continuidades e rupturas. Mantém fidelidade ao projeto, mas tem capacidade de se ajustar sem perder a fibra.”

 

A estudante Sarah Lindalva, do nono semestre da graduação em Letras e membro do DCE, se disse emocionada em compor a comunidade acadêmica, um local de construção do saber. “Vivemos um momento difícil, mas essa dificuldade não é maior do que a ousadia da Universidade”, frisou.

 

Falaram ainda as professoras Elmira Simeão, da Faculdade de Ciência da Informação (FCI), e Enilde Faulstich, do Instituto de Letras (IL).

 

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