RECONHECIMENTO

Débora Diniz, da Faculdade de Direito, foi escolhida por revista estadunidense por sua atuação em pesquisas sobre grávidas infectadas pelo zika vírus

Débora Diniz é professora na Faculdade de Direito (FD/UnB). Foto: Anis - Instituto de Bioética

A antropóloga, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília Débora Diniz foi considerada pela revista norte-americana Foreign Policy um dos cem pensadores globais de 2016. A tradicional lista foi publicada na última semana e traz a docente da Faculdade de Direito na categoria The advocates, ao lado de personalidades engajadas na defesa de temas sociais mundo afora.

Este ano, Débora Diniz lançou o livro Zika: Do sertão nordestino à ameaça global. A publicação conta, de maneira inédita, a história da epidemia brasileira que ganhou repercussão internacional, desde as informações limitadas no momento inicial dos diagnósticos até o posterior envolvimento de pessoas na luta por direitos, na construção de redes de solidariedade e na superação de adversidades.

A pesquisadora esteve na Paraíba, no início do ano, e acompanhou a rotina de profissionais de medicina e de pacientes que tiveram suas vidas impactadas pela incidência do vírus zika durante o período de gestação. Vieram da região Nordeste os primeiros registros de microcefalia, que posteriormente foram relacionados ao vírus.

A professora da UnB também participou de um comitê de especialistas da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS), que teve como objetivo traçar uma política de enfrentamento à microcefalia nas Américas.

No trecho em que explica o papel desempenhado pela pesquisadora brasileira durante o ano, a revista Foreign Policy destaca ainda a ação, frente ao Supremo Tribunal Federal, do Anis, instituto de bioética fundado por Débora. A entidade defendeu a expansão do aborto legalizado para mulheres com zika no Brasil. Hoje, a interrupção da gravidez no país só é permitida para casos que envolvam estupro, risco à gestante ou anencefalia.

Documentário Zika mostra primeiros contatos de mães e profissionais da medicina com microcefalia causada pelo zika vírus. Foto: Reprodução


ALÉM DA ACADEMIA – Para Débora, o reconhecimento internacional evidencia como o debate em torno dos direitos da mulher diz respeito ao mundo inteiro, “não somente ao Nordeste, à UnB, ou a quem se proponha a levantar essa bandeira”. Além disso, a escolha demonstra como a epidemia de zika “é um tema de saúde pública que deve estar presente na agenda global”.

A pesquisadora destaca o apoio recebido na Faculdade de Direito (FD) como um dos alicerces para que o assunto fosse levado a âmbito mundial. “Neste ano tive um trânsito internacional muito grande, em boa parte, graças ao suporte integral que recebi na Faculdade de Direito, de pessoas que nunca hesitaram em me apoiar. Tive total possibilidade de agendar esse tema, inclusive quando nem estava pautado como um direito violado”, conta.

Para Débora, momentos como esse ressaltam a importância de que ensino, pesquisa e extensão estejam em permanente sintonia na academia. “Para que haja internacionalização, é fundamental que a Universidade se mantenha como espaço de suporte ao docente e ao pesquisador. Por meio da pesquisa na pós-graduação, comunicamos a outros espaços o que está disponível aqui dentro”.

LIVRO E DOCUMENTÁRIO – Em entrevista concedida à Secretaria de Comunicação da UnB no mês de junho, Débora Diniz falou sobre a motivação para sua pesquisa e a abordagem humanista dada ao assunto.

“Quando chegamos à Paraíba, no início de fevereiro, nós sabíamos muito pouco, precisávamos ver o rosto, a vida dessas mulheres para nos qualificarmos para o debate político. Precisávamos sair da abstração dos direitos violados e primeiramente contar histórias, mostrar rostos, passado, sofrimento, nos juntarmos a outras mulheres no centro da epidemia”, disse.

Além do livro, Débora Diniz assina um documentário sobre o tema:

 

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