EMERGÊNCIA SANITÁRIA

Crise no Acre serve de alerta para surto de dengue em meio à pandemia do novo coronavírus

Epidemiologistas da Sala de Situação em Saúde (SDS/FS) da Universidade de Brasília apontam para a possibilidade de aumento de casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. Dado o cenário pandêmico, é possível, inclusive, que uma pessoa contraia uma dessas enfermidades e também covid-19, ao mesmo tempo. Foto: Projeto Aedes UnB

 

O número de casos de covid-19 segue em crescimento no Brasil. A delicada circunstância que o país enfrenta pode ainda ser agravada com a ocorrência de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, que também merecem cuidado, principalmente, nesta época do ano. O aumento das chuvas e da temperatura tornam o ambiente propício para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito vetor dessas enfermidades.

 

A importância de estar atento a essa situação pode ser melhor percebida com a crise que, atualmente, o Acre vivencia. O governo local precisa lidar, concomitantemente, com a covid-19 e o surto de dengue, o que pode gerar um colapso no sistema de saúde na região.

 

De acordo com o boletim epidemiológico do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), o estado contabilizava mais de 8,6 mil casos suspeitos de dengue até o dia 6 de fevereiro de 2021, com cerca de 1,5 mil casos confirmados. Em um comparativo com o mesmo período de 2020, quando foram contabilizados mais de 3,8 mil casos suspeitos, o aumento é de 123%. Vale destacar que, segundo informações do boletim, dos 22 municípios do Acre, 20 estão infestados pelo mosquito Aedes aegypti.

 

Epidemiologistas da Sala de Situação em Saúde (SDS/FS) da Universidade de Brasília explicam que o fato pode estar relacionado à pandemia, que atrapalhou as vistorias periódicas em residências por todo o país, quando agentes de saúde checam o índice de infestação do mosquito vetor. “O verão no Brasil teve início sem o Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e, consequentemente, sem estratégias de políticas públicas para o enfrentamento das arboviroses”, explica a epidemiologista e coordenadora técnica da SDS, Marcela Lopes.

Marcela Lopes, epidemiologista e coordenadora técnica da Sala de Situação em Saúde, SDS, alerta que aumento de doenças causadas pelo Aedes aegypti pode estar relacionado com limitações de medidas de combate ao mosquito causadas pela pandemia do novo coronavírus. Foto: Arquivo Pessoal

 

DENGUE X NOVO CORONAVÍRUS – Os sintomas do novo coronavírus podem ser confundidos com os da dengue, mas é preciso cautela, pois existe diferença. Segundo a epidemiologista, ambas apresentam febre e dores no corpo, porém, a covid-19 possui outros sintomas como a perda do paladar e do olfato. “Se a pessoa sentir algo que esteja relacionado às duas doenças, a recomendação imprescindível é que procure um serviço de saúde ou orientação médica para que a doença seja diagnosticada corretamente”, afirma Marcela Lopes. 

 

Vale destacar que, no cenário atual, é possível que uma pessoa seja acometida pelas duas enfermidades. O fato tem ocorrido nos hospitais do Acre, onde os médicos precisam lidar com o desafio, desde o diagnóstico ao tratamento.

 

CUIDADOS – A epidemiologista lembra dos cuidados que se deve ter para evitar o contato direto com o mosquito vetor Aedes aegypti e sua proliferação. “Não existe ainda uma vacina amplamente divulgada, então, a prevenção se faz no elo mais fraco que é o mosquito”, reforça. Segundo Marcela, é importante seguir as orientações já recomendadas em campanhas, como evitar o acúmulo de água nas residências, com atenção aos potes de plantas e piscinas não tratadas, por exemplo. Ela também sugere o uso de repelentes na pele e, se possível, roupas que cubram a maior parte do corpo.

 

A especialista destaca também a importância de as gestões estadual e municipal preocuparem-se com limpeza e infraestrutura urbana, como retirada de lixo, limpeza de fossas, entre outros cuidados. “É dessa forma que o ciclo de desenvolvimento do mosquito é quebrado e, com isso, há uma diminuição dos casos de dengue e outras arboviroses que têm o Aedes como mosquito vetor”, afirma a coordenadora técnica da SDS/UnB.

 

NÚMEROS NO BRASIL – Dados fornecidos pelo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS), divulgado em janeiro de 2021, apontam que de 29 de dezembro de 2019 a 2 de janeiro de 2021, foram notificados mais de 987 mil casos prováveis de dengue no país. Segundo o boletim epidemiológico, a região centro-oeste apresentou a maior incidência, com cerca de 1,2 mil casos/100 mil habitantes.

 

O boletim epidemiológico informa também que foram notificados 82,4 mil casos prováveis de chikungunya, com taxa de incidência de 39,2 casos/100 mil habitantes no país. As regiões nordeste e sudeste apresentaram as maiores taxas de incidência. Em relação aos casos de zika, o boletim traz os dados até o dia 29 de dezembro de 2020, com mais de 7,3 mil casos prováveis no país e taxa de incidência de 3,5 casos/100 mil habitantes. A região nordeste teve a maior taxa de incidência.

 

SALA DE SITUAÇÃO EM SAÚDE – A SDS é uma ambiente de aproximação de estudantes, professores, colaboradores e profissionais de saúde para participação do processo de ensino-aprendizagem dos saberes teóricos e práticos de forma multidisciplinar, por meio da construção de conhecimento coletivo. É um espaço de desenvolvimento de tecnologia de inteligência em saúde dentro da UnB, para apoiar no monitoramento, análise e definição de ações na área, junto aos estudantes e gestores, na tomada de decisão e respostas em emergências de saúde pública.

 

Leia também:

>> Localizada no Park Way, Casa Niemeyer vai ser nome de estação do BRT

>> UnB amplia negociação sobre construção de creche no campus Darcy Ribeiro

>> Em lives, gestores da UnB tiram dúvidas de estudantes sobre início do semestre

>> Professor da UnB está em lista dos cientistas que mais contribuíram para estudos sobre doenças negligenciadas

>> Consuni analisa recursos de estudantes expulsos fraudes nas cotas

>> Instituto de Psicologia coordena pesquisa sobre múltiplos impactos da pandemia de covid-19 no Brasil

>> Semestre letivo começa com 2.959 novos estudantes na UnB

>> Morre professor emérito Luis Humberto aos 86 anos

>> UnB articula construção de creche no campus Darcy Ribeiro

>> Nova decana de Gestão de Pessoas quer fortalecer qualificação dos servidores e atendimento humanizado

>> Prédio do CIC/EST terá placas de geração de energia solar

>> Nova cepa de Manaus pode estar por todo o país

>> HUB inaugura Laboratório de Diagnóstico Molecular

>> Decanato de Ensino de Graduação traz orientações para o início do semestre

>> UnB divulga guia de recomendações para prevenção e controle da covid-19

>> Em webinário, DPI lança portfólio e painéis com dados sobre infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB

>> Webinário apresenta à sociedade projetos de combate à covid-19

>> Copei divulga orientações para trabalho em laboratórios da UnB durante a pandemia de covid-19

>> Coes publica cartilha com orientações em caso de contágio pelo novo coronavírus

>> UnB cria fundo para doações de combate à covid-19

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.