UnB EM AÇÃO

Com base nos dados dos principais imunizantes disponíveis até o momento, a resposta é sim

O comportamento de cada indivíduo é fundamental para a proteção da população. Foto: wikimedia/Commons

 

O receio ou, até mesmo, a aversão a vacinas vem sendo pauta no Brasil desde antes a pandemia de covid-19. Segundo informações do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, o país vem enfrentando uma queda na cobertura vacinal há cerca de cinco anos, o que preocupa especialistas e traz à tona questões relacionadas às informações falsas que são disseminadas sobre o tema.

 

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As estatísticas divulgadas mostram a queda no número das metas de imunização em adultos e, principalmente, em crianças. Agora, com a vacina contra a covid-19, estão sendo levantadas questões sobre segurança, eficácia, reações adversas e níveis de infecção. Tem-se observado também a explosão de boatos sobre a vacina ter potencial para acarretar mutações genéticas, deformidades, entre outras inverdades.

Professor epidemiologia e integrante do Coes, Wildo Navegantes destaca que os cuidados pós-vacina deverão ser os mesmos porque as primeiras doses de qualquer vacina não são totalmente imunizantes. Foto: Arquivo pessoal

  

SEGURAS E EFICAZES – Por esta razão, é preciso destacar que as vacinas só são liberadas a partir de série de testes que asseguram sua segurança e eficácia. Wildo Navegantes, professor de epidemiologia e integrante do Comitê Gestor do Plano de Contingência da Covid-19 (Coes) da UnB, destacou que não é preciso temer as vacinas anti-covid-19.

 

“A tecnologia e a ciência vêm evoluindo com as novas estratégias e estão sendo produzidos produtos no mundo biológico cada vez melhores. De forma que as vacinas só são liberadas pelas agências de controle e fiscalização após um rigoroso ensaio clínico e um rigoroso depósito de documentos, de análises que são feitas nesses estudos que se passam, que começam desde a fase 1, mostrando a sua segurança (que não cause dano humano e da biodisponibilidade de ela ficar viável no corpo humano). São vacinas extremamente seguras. Nós já temos diversas vacinas muito seguras no Brasil e no mundo sendo utilizadas para várias doenças sejam elas transmitidas por vírus ou bactérias”, disse o professor.

 

PANORAMA – Para combater os males da covid-19, estão sendo desenvolvidas vacinas em várias partes do mundo. A primeira fora dos ensaios clínicos de fase 3 (momento em que é avaliada a eficácia do estudo) a ser aplicada foi a vacina de RNA, BNT162b2, da empresa Pfizer e BioNtech, ainda em dezembro. De lá para cá, outras têm trilhado caminho semelhante.

 

“Os ensaios clínicos de fase 3 das vacinas de mRNA não apresentaram efeitos adversos graves e demonstraram uma ótima taxa de eficácia, acima de 90%”, comenta Anamélia Lorenzetti, professora associada do Programa de Pós-Graduação em Biologia Microbiana na UnB, com experiência na área de imunologia.

 

A docente lembra que a vacina Sputnik V começou a ser aplicada na Rússia antes da finalização dos ensaios clínicos de fase 3 e agora também está sendo aplicada na Argentina. “Esta vacina deve ser produzida no Brasil. A Sputnik V, assim como a vacina desenvolvida pela Oxford-AstraZeneca (denominada de ChAdOx1 S), é uma vacina de adenovírus contendo DNA do vírus Sars-Cov-2. A vacina da Oxford-AstraZeneca é a preparação vacinal que mais vendeu doses no mundo. No entanto, somente foi aprovada para utilização no Reino Unido em dezembro. Os dados apresentados até o momento são de alta eficácia e com baixos efeitos colaterais”, destacou Anamélia Lorenzetti.

 

“Baseados nos dados obtidos até o momento, podemos dizer que são seguras, uma vez que as preparações que utilizam mRNA e o adenovírus não foram utilizadas para a imunização de humanos para qualquer outra doença e têm apresentado dados de alta eficiência e com baixos efeitos colaterais”, completou.

 

Com o intuito de combater o Sars-Cov-2, o Brasil firmou contrato com a AstraZeneca para produção da vacina na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e disponibilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, o Instituto Butantan começará, de acordo com previsões, a aplicação ainda em janeiro da vacina CoronaVac, em parceria com a empresa Sinovac.

 

Anamélia Lorenzetti esclarece que a CoronaVac utiliza o vírus morto e apresenta baixos efeitos colaterais e eficácia de 78% para prevenção de casos leves e 50,35% de eficácia global. Para a professora, as vacinas desenvolvidas até o momento são um grande exemplo de inovação na área.

Anamélia Lorenzetti, professora associada do Programa de Pós-Graduação em Biologia Microbiana na UnB, acredita que notícias falsas em relação às vacinas configuram movimento contrário ao da manutenção da saúde da população. Foto: arquivo pessoal

 

Para Anamélia, as informações sobre as novas vacinas poderiam gerar certa resistência na população, tendo em vista que pouco se conhece em relação aos efeitos a longo prazo. Mas não há motivo para isso. “Até o momento, mais de 17 milhões de doses de vacinas já foram aplicadas pelo mundo, sendo a maior parte de mRNA, e os efeitos colaterais relatados confirmam os dados apresentados nos ensaios clínicos de fase 3, ou seja, a grande maioria dos efeitos adversos foram relatados como brandos/moderados, o que é absolutamente aceitável diante da gravidade desta doença”, destacou a professora.

 

PÓS-VACINA – Mesmo com o andamento das ações para o Brasil iniciar a vacinação, ainda é preciso manter os cuidados de prevenção contra a covid-19 (como distanciamento social e uso de máscaras), já que ainda não se sabe quanto tempo levará para que toda a população seja imunizada. O professor Wildo Navegantes acredita que existirá uma demora para que sejamos “liberados” das medidas de controle.

 

“Isso porque a vacina não vai chegar em quantidade necessária, já que o governo não conseguiu fazer isso organizadamente", explica o docente. "Então, nós não teremos uma quantidade de doses para ofertar à população de forma a produzir uma resposta, que nós chamamos de um cordão, uma tentativa de aumentar as pessoas imunes para evitar que a doença não se transmita de uma pessoa para outra”, completa.

 

“Assim, eu diria que pelo menos em 2021 inteiro, talvez 2022, nós tenhamos que conviver ainda com o uso de máscaras, preferencialmente evitando contatos interpessoais, e essa infelizmente é uma notícia não boa, mas é o que o governo federal tem proposto para a sociedade brasileira”, alertou.

 

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