CULTURA

Iniciativa propõe instalação de espaços permanentes para relembrar a repercussão da ditadura militar na Universidade. Inscrições vão até 22 de julho

Prédio do ICC foi um dos cenários dos atos de repressão vivenciados pela comunidade acadêmica durante o regime militar. Foto: Secom UnB

 

Garantia à liberdade de cátedra, à diversidade de pensamento, às liberdades científicas, culturais e políticas. O princípio norteou a criação da Universidade de Brasília, em 1962, mas logo foi ameaçado pela instauração do regime militar, em 1964. Mais de 50 anos depois, a Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade (CATMV) da UnB concluía suas atividades e divulgava relatório com informações que contextualizam as violações à autonomia universitária e aos direitos humanos vivenciadas pela instituição na ditadura.

 

Fruto de três anos de pesquisas, encerradas em 2015, o documento reúne depoimentos e análises de acervos documentais sobre acontecimentos da época. As informações produzidas pela comissão fornecem diretrizes para ações de resgate à memória na Universidade e embasam o recente lançamento da convocatória para a Residência Artística Território Livre. A iniciativa busca selecionar um artista para pensar a criação de marcos da memória em espaços do campus Darcy Ribeiro considerados simbólicos durante a ditadura militar. As inscrições vão até 22 de julho.

 

>> Acesse a ficha de inscrição e a convocatória

 

Podem concorrer artistas da comunidade acadêmica e externa com percurso voltado a questões políticas e à temática da ditadura militar. Para se inscrever, o candidato deve enviar ficha de inscrição preenchida, com currículo profissional, porta-fólio digital e carta de intenções para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A convocatória é promovida pela Diretoria de Difusão Cultural (DDC) do Decanato de Extensão (DEX), em parceria com a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB).

 

Estimular o debate sobre o tema e constituir espaço permanente que relembre a comunidade desse importante fragmento da história da instituição são objetivos do projeto. Outra perspectiva é resgatar o papel da Universidade como "território livre" para a produção do pensamento, como designa expressão cunhada por discentes no período da ditadura, em defesa da instituição.

 

O artista selecionado terá um mês para realizar pesquisas com base nos documentos e relatos disponibilizados pela Comissão da Verdade Anísio Teixeira, e apresentar uma proposta de intervenção. A ideia é que os roteiros históricos da Universidade sejam sinalizados com as intervenções artísticas e se tornem espaços de convivência para livre debate de ideias entre a comunidade acadêmica. O projeto poderá ser replicado em diferentes ambientes da UnB e resultar em outros formatos artísticos de divulgação.

Alex Calheiros reforça a importância da Universidade como espaço de promoção do livre pensamento. Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB

 

Diretor de Difusão Cultural do DEX, o professor Alex Calheiros afirma que a iniciativa busca valorizar a autonomia universitária. “Trazer isso à tona é reafirmar, refletir e difundir a ideia de que a universidade é livre para pensar, pesquisar, ensinar, debater como uma instituição de ensino”, salienta.

 

Para a formatação das intervenções, será disponibilizada a estrutura de ateliês da Casa da Cultura da América Latina, além de recursos providos pela ADUnB. Os residentes receberão bolsa de R$ 3 mil durante os 30 dias de estadia, além de apoio na hospedagem. O resultado final da seleção deve ser divulgado no dia 1º de agosto.

 

HISTÓRIA – Instaurada em 2012, por ato da Reitoria, a Comissão Anísio Teixeira de Memória e da Verdade teve importante atuação na investigação violações decorrentes da repressão militar entre 1964 e 1988. Assegurar o exercício do direito à memória, restabelecer a verdade dos fatos e constituir uma política de reparação aos perseguidos e torturados foram seus objetivos.

 

As atividades da CATMV subsidiaram o trabalho desenvolvido pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) para apuração de fatos ocorridos na ditadura. O grupo foi desativado em 2015, mas está em análise proposta de restruturação, para o desenvolvimento de atividades que busquem fortalecer a memória da Universidade sobre aquele período.

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