CIÊNCIA CONTRA PANDEMIA

Desordem no paladar é a mais comum e afeta 45% dos pacientes. Pesquisadores também buscam potenciais biomarcadores salivares para diagnóstico da doença

Focado na saúde bucal, projeto já tem alguns resultados publicados em revistas internacionais. Foto: Pressfoto

 

O uso de ferramentas que auxiliam no diagnóstico e monitoramento de informações mais específicas sobre pacientes infectados pelo novo coronavírus incentivou pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) da Universidade de Brasília a desenvolverem o projeto Covid-19 e Cavidade Oral. A iniciativa investiga as manifestações orais decorrentes da covid-19.

 

Coordenado pela professora Eliete Neves da Silva Guerra, do Departamento de Odontologia da FS, o projeto possui três etapas. Nelas, busca-se destacar a importância da inclusão de cirurgiões-dentistas em equipes multifuncionais em unidades de terapia intensiva; subsidiar, com evidência científica, os cuidados com a saúde bucal de pacientes com covid-19; além de identificar potenciais biomarcadores salivares que podem ser usados para o diagnóstico e o monitoramento da doença.

Eliete Guerra espera que conhecimentos gerados pela pesquisa auxiliem no desenvolvimento de tecnologia viável e de baixo custo para diagnóstico da covid-19. Foto: Arquivo pessoal

 

“Este projeto de revisão sistemática e avaliação crítica visa relatar modelos de previsão que usaram testes salivares para confirmação do diagnóstico da doença em pacientes com suspeita de infecção e para previsão do prognóstico de pacientes com covid-19. Isso, analisando o potencial de uso desses exames para detecção da doença, assim como para detecção de anticorpos, com o intuito de verificar e monitorar o quadro clínico da infecção”, explica Eliete.

 

Até o momento, a pesquisa identificou que a manifestação oral mais comum em pacientes com covid-19 é a desordem do paladar, presente em 45% dos infectados. Entretanto, também foi reparado que certos pacientes apresentavam lesões na mucosa.

 

A equipe da pesquisa não achou evidências que pudessem ligar as lesões à contaminação por covid-19. Por isso, sugeriu-se que essas manifestações se apresentam por coinfecções, que podem ser causadas por queda na imunidade, condições de hospitalização ou até mesmo reações adversas aos medicamentos utilizados no tratamento da doença.

 

“Distúrbios do paladar podem ser sintomas comuns em pacientes com covid-19 e devem ser considerados no escopo do início e progressão da doença", observa a docente Eliete Guerra.

 

De acordo com a coordenadora do estudo, "as lesões na mucosa oral são mais propensas a se apresentarem como coinfecções e manifestações secundárias, com múltiplos aspectos clínicos".

 

PUBLICAÇÕES – Além da UnB, estão envolvidos o Departamento de Oncologia Clínica do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e duas instituições francesas: o Laboratório de Ciências Analíticas, Bioanalíticas e Miniaturização da Escola Superior de Física e Química Industrial da Cidade de Paris (LSABM-ESPCI) da ParisTech e a Université Paris Descartes Sorbonne. O projeto conta com pesquisadores das áreas da medicina, odontologia e biologia.

 

As duas etapas iniciais resultaram na publicação internacional de dois artigos. O primeiro, intitulado Oral mucosal lesions in a COVID-19 patient: new signs or secondary manifestations?, foi divulgado no periódico da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas e já teve dez citações internacionais. O outro, Oral manifestations in COVID-19 patients: a living systematic review, saiu em uma das principais revistas na área de odontologia, a Journal of Dental Research, editada pela Associação Internacional de Pesquisa em Odontologia (IADR).

Na foto, Juliana Amorim (esq.), doutoranda em Odontologia, e Eliete Guerra (dir.), coordenadora do projeto. Foto: Arquivo pessoal

 

Por sua vez, a terceira etapa do projeto foi contemplada com financiamento de R$ 30 mil em edital dos decanatos de Pesquisa e Inovação (DPI) e de Extensão (DEX) e do Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (Copei) para apoiar projetos com foco no enfrentamento à pandemia conduzidos pela UnB.

 

Eliete Guerra tem boas perspectivas quanto ao andamento da pesquisa. “A expectativa é que os resultados gerem a produção de conhecimentos científicos, tecnológicos e de inovação, com vistas especialmente à produção e ao desenvolvimento de tecnologia baseada em evidência para o diagnóstico da covid-19, considerando também a importância de medidas de fácil acesso e baixo custo com possível aplicabilidade no Sistema Único de Saúde."

 

FUNDO DE DOAÇÕES – Pessoas e entidades da sociedade civil podem financiar iniciativas de combate à covid-19 do portfólio da UnB por meio da destinação de recursos ao fundo de doações. Acesse pelo link: https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos/form. Esta é uma ação do Copei, em parceria com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).

 

Doações podem ser feitas por meio de boleto, depósito bancário, cartão de crédito ou PayPal. O comitê gestor do fundo irá direcionar as contribuições aos projetos, seguindo os critérios de classificação nas chamadas prospectivas de iniciativas contra a covid-19 da Universidade. Para doações em serviços, materiais ou equipamentos, é preciso articular a ação junto ao Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

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