ENCONTRO

Evento propõe articulação entre experiências inspiradas no conceito de cidades inteligentes e sustentáveis para desenvolvimento de projeto piloto nos campi

 

Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF, Gilvan Máximo destacou desafios para desenvolvimento de políticas na área durante a abertura. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Centros urbanos conectados por tecnologias, utilizadas estrategicamente para favorecer a dinâmica e a qualidade de vida das comunidades em aspectos como infraestrutura, serviços, meio ambiente, segurança, economia. A descrição se refere a um conceito recente. No entanto, já é realidade em cidades como Barcelona, Dinamarca e Coreia do Sul. A proposta das cidades inteligentes traz à era da tecnologia uma nova perspectiva de planejamento urbano, atendendo às necessidades de integração da sociedade. Para além do investimento em aplicações de ponta, tal concepção traz à tona outra mudança de paradigma: a participação comunitária e a sustentabilidade como ingredientes fundamentais para o desenvolvimento urbano.

 

Na UnB, algumas ações e pesquisas têm contribuído para ampliar as reflexões sobre o tema. Nesse sentido, um projeto piloto busca integrar iniciativas para a consolidação da Universidade como espaço de experimentação tecnológica, tornando o ambiente acadêmico cada vez mais conectado, mas também ancorado nas dimensões humana e sustentável. Trata-se do projeto GigaCampus, assunto em destaque durante a Jornada de Inovação, realizada nos dias 27 e 28 de março, no auditório da Faculdade de Tecnologia (FT). O encontro foi promovido pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), em parceria com a Parque Científico e Tecnológico da UnB (PCTec) e a Rede GigaCandanga

 

Com o tema Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis, a jornada reuniu pesquisadores da UnB e gestores públicos para apresentação de projetos em andamento na Universidade e no Distrito Federal, focados no uso de tecnologias no ambiente urbano. A partir da troca de experiências, o evento propôs o estabelecimento de uma articulação entre ações da área que possam contribuir para formatação do projeto GigaCampus. "Esse encontro busca aproximar diversos grupos à Universidade e acolher os problemas da região do Distrito Federal, mostrando o que podemos fazer para ajudar nossa cidade", aponta a decana do DPI, Maria Emília Walter.

 

A decana considera o desenvolvimento de experimentos tecnológicos, humanos e sustentáveis nos campi um passo importante para melhoria do cotidiano acadêmico. Ela espera que, futuramente, os resultados possam ser replicados na própria capital federal. “A ideia é fazermos testes nos campi de alguns conceitos que poderiam ser ampliados para a cidade. Estamos no começo, tentando articular as ações entre a parte de tecnologia e sustentabilidade”, antecipa.

 

Responsável pela infraestrutura de dados da Universidade, a Rede GigaCandanga é uma das envolvidas no projeto piloto. “As tecnologias têm avançado bastante e na UnB temos vários grupos trabalhando com tecnologias relacionadas a cidades inteligentes. Queremos mostrar nossas capacidades para contribuir nessa área”, afirma o professor do Departamento de Matemática e presidente do comitê gestor da GigaCandanga, Leonardo Lazarte.

 

Avanços para a consolidação do piloto também estão em andamento com apoio da Faculdade de Tecnologia (FT). Projetos na área de inteligência artificial, identificação digital e segurança bancária estão em execução por professores e estudantes da unidade. O diretor da FT, Márcio Muniz, destaca algumas utilidades dessas aplicações, como no controle e monitoramento do trânsito e na estruturação de sistemas de segurança, com o uso da identificação facial.

 

“A cidade inteligente é um espaço em que se faz uso intensivo da internet das coisas, que exige alta conectividade, e de dados garimpados, juntados através de algoritmos. De certa forma, todos esses algoritmos estão em desenvolvimento na nossa Faculdade”, afirma o diretor. Apesar dos benefícios da integração dessas ferramentas nas cidades, o professor alerta para maus usos: “Não só as cidades têm que ser inteligentes, mas as pessoas também. A tecnologia tem que ser usada de forma efetiva e responsável, e não como forma de controle social”.

 

TECNOLOGIAS EM OPERAÇÃO – Sistema de videomonitoramento, ciclovias interligadas, aplicativo para compartilhamento de transporte individual, informatização dos processos administrativos, frotas de ônibus elétricos. Esses são apenas exemplos de iniciativas que já têm melhorado o cotidiano da comunidade acadêmica e que balizam o conceito de cidades inteligentes. Durante a Jornada de Inovação, o público pôde conhecer algumas delas. 

Participantes do evento puderam conhecer algumas experiências tecnológicas aplicadas à UnB e ao Distrito Federal. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Obter orientações, com agilidade, sobre o transporte coletivo no campus Darcy Ribeiro era tarefa complicada até o ano passado. A instalação de placas sinalizadoras equipadas com QR Code, em paradas de ônibus do campus e da L2 Norte, facilitou o dia a dia de quem depende desse sistema para mobilidade.

 

Ao submeter o código ilustrado nas placas ao leitor de um smartphone, o usuário fica sabendo quais linhas passam por aquele ponto, sem a necessidade de acessar a internet.

 

Idealizadora do projeto, a professora Suzan Pequeno Rodrigues, do Departamento de Geologia, destaca a relevância da iniciativa. “Esse projeto traz acessibilidade, principalmente às pessoas que não moram na cidade e aos calouros que circulam pelo campus e não sabem os ônibus que passam em determinada parada. Essa é uma problemática que existe em todo o DF”, lembra.

 

A acessibilidade é também uma preocupação da técnica em Tecnologia da Informação da UnB e doutoranda em Sistemas Mecatrônicos Mayra Batista Corrêa. Ela enxerga como atual desafio da Universidade o uso de tecnologias para auxiliar no dia a dia de pessoas com deficiência. A pesquisadora acredita que essa barreira pode ser rompida com a participação da comunidade na implementação de novas aplicações.

 

Essa é a proposta de sua pesquisa de doutorado, apresentada durante o evento. Por meio da adoção do conceito da experiência do usuário, Mayra pontua que é possível atender às necessidades de pessoas com deficiência, incluindo-as na definição das propostas tecnológicas a serem agregadas no dia a dia do campus.

 

Além disso, ela acredita que é possível melhorar a experiência desses usuários, verificando como eles se sentem ao utilizar as aplicações. “A tecnologia tem que ser um caminho para agregar o usuário ou meio, ela não pode ser um empecilho. Podemos melhorá-la, perguntando como o usuário se sente”, reforça.

 

 

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