MULHER

Fotos retratam empoderamento negro e decorrem da experiência de vida da autora

Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB


Sophia Costa, estudante do último semestre de Publicidade e Propaganda, expôs seu trabalho de conclusão de curso em um shopping da cidade. As fotos foram a maneira que a aluna encontrou de se manifestar enquanto negra e também foram consequência de sua identificação com o próprio cabelo desde o terceiro semestre do curso.

 

“Sempre usei meu cabelo liso e não me sentia bonita”, afirma. “Devo ter passado pelo menos quatro anos sem hidratar, sozinha, meu cabelo. Eu não o lavava em casa, só no salão. A cabelereira tinha uma relação mais íntima com meu cabelo do que eu!”, relembra.

 

Filha de mãe e pai negros, Sophia conta que apesar de a mãe não querer que alisasse o cabelo quando pequena, a menina insistia. “Cresci estudando em escolas particulares e sempre fui uma das únicas negras. Não me via bonita. Quando você é pequeno, não entende e só consegue sentir a rejeição”, explica.

 

No terceiro semestre da faculdade, começou a transição capilar, que durou cerca de um ano. E não foi apenas questão de estética. Sophia conta que o ambiente onde via muitas mulheres negras que considerava lindas a inspirou. “Foi um período de muito aprendizado, uma transição de vida. Conheci mulheres reais e o que eu considerava bonito mudou completamente”, conta. “Hoje, quando falo de mulher negra, falo de mim”, completa.

 

O irmão, a avó e as amigas também escolheram mudar como Sophia. “Fico feliz em saber que influenciei outras pessoas”, fala.

 

No trabalho de conclusão de curso, as modelos foram escolhidas entre mulheres que a estudante conhecia e outras que abordou por admirar. “Algumas eu só via passando pelos corredores da UnB e achava poderosas”, conta.

 

Modelos negras mostram empoderamento
Foto: Sophia Costa

 

Beatriz Ferraz, uma das modelos, conta que o clima nos bastidores era muito amistoso. “Foi bom ver pessoas que eu conhecia. Todas estavam curtindo o processo de se transformar em uma deusa ou guerreira”, conta.

 

O cantor negro Chico César, que fez um show no mesmo shopping durante o período de exposição, se deparou com trecho de uma de suas músicas junto às fotos e elogiou o resultado do trabalho da estudante. "Gostei de ver isso em um espaço público, porque é algo que existe e precisa ser mostrado", comentou o artista.

 

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