EXPANSÃO

Construído com recursos do Reuni, a um custo de R$ 6,7 milhões, unidade de 4.800 m² oferece 40 salas e vai atender cerca de 900 alunos

Foto: Edu Lauton/UnB Agência

 

Uma reinvindicação histórica enfim conquistada. Após quase quatro décadas ocupando, em condições adversas, o subsolo do Instituto Central de Ciências (ICC), mais conhecido como Minhocão, o novo prédio do Instituto de Ciências Exatas (IE) da Universidade de Brasília foi inaugurado na manhã desta terça-feira, 25 de setembro.

 

A um custo de R$ 6,7 milhões, a unidade de 4.800 m² destinada a atender cerca de 900 alunos abrigará dois dos três Departamentos do IE: Ciência da Computação (CIC) e Estatística (EST). São 40 salas, entre elas, laboratórios, centros acadêmicos e auditórios. O novo prédio está localizado ao lado dos pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon, no campus universitário Darcy Ribeiro.

 

Na cerimônia de inauguração, ao lado do reitor José Geraldo de Sousa Junior e Sônia Báo, vice de Ivan Camargo, primeiro indicado na lista tríplice do Conselho Universitário para escolha do novo dirigente da UnB, participaram o diretor do Instituto de Ciências Exatas, Noraí Rocco, os chefes dos departamentos, além do decano de Ensino de Graduação, José Américo Garcia. "Há um significado muito especial em satisfazer as necessidades desses dois departamentos. Apenas sair do subsolo já é, por si só, uma grande vitória", disse Noraí Rocco, relembrando os problemas de circulação de ar dos módulos no ICC, bem como a falta de luz natural e inoportunos barulhos de maquinaria. "Mais do que o espaço em si, essa iluminação, a bela vista e os espaços internos representam uma convivência mais agradável. Cada um terá sua marca e espaço próprio agora", complementa.

 

Sônia Báo lembrou que passou por situação semelhante há quase três anos. "Me recordo quando o Instituto de Ciências Biológicas também saiu do subsolo e foi recolocado onde se pode sentir a luz e ver o sol. O clima interno mudou completamente".

 

José Geraldo lembrou que o novo prédio faz parte de um processo de expansão intensificado nos últimos anos. "O programa, sobretudo do Reuni, que permitiu esse desenvolvimento sem precedentes, a não ser no momento de criação da Universidade, permitiu ampliar em 28% a área edificida em relação aquilo que havia em 2007. É área edificada sem redução de patrimônio. Não foi preciso alienar patrimônio. Isso é acréscimo de valor. Precisamos agora de uma política para restaurar os antigos prédios e fazer essa integração entre a velha e a nova Universidade", disse.

 

O Departamento de Estatística completou na última segunda-feira, 24 de setembro, 38 anos de fundação, todos vividos no pavimento inferior do ICC. "Alguns colegas questionam o tamanho do espaço aqui inaugurado somente para dois departamentos. Eles não sabem, porém, o que representa isso em mudança qualitativa. Ficamos felizes com esse grande, e merecido, presente de aniversário", disse Donald Matthew Pianto, chefe do Departamento de Estatística.

 

Um pouco mais jovem, o curso de Ciência da Computação chegou a se instalar em outros prédios, contudo passou a maior parte de seus 25 anos também naquele espaço. "Em 1987, eram 13 professores, e seis deles ainda estão aqui, gratos pela mudança. Hoje já somos 46 e as atividades precisavam de um novo lugar", afirmou Díbio Leandro Borges, chefe do Departamento de Ciência da Computação.

Foto: Edu Lauton/UnB Agência

 

CRESCIMENTO - O novo espaço físico vem para acompanhar o crescimento interno dessas instituições. Na gestão atual, foram criadas 78 vagas, especialmente entre servidores e docentes, distribuídas pelos dois departamentos citados, além do Instituto de Matemática (MAT). Hoje, EST e CIC somam, juntos, 80 professores e, segundo Noraí Rocco, o número só tende a crescer, em função das novas atividades. Entre estas, Rocco enumera a implantação do Doutorado em Ciência da Computação, a projeção de um novo Mestrado profissional na área de Computação Aplicada, a reimplantação do Mestrado em Estatística, assim como diversos projetos de extensão.

 

"Realizamos desde oficinas pedagógicas para estudantes de ensino médio até programas de pós-doutorado, o que ficaria inviável nas dependências antigas". Neste ponto, o reitor José Geraldo Sousa Junior faz paralelos entre passado e presente. "Os mais antigos vão se lembrar de como era difícil discutir espaço físico e renovação de quadros. O número de professores na UnB não se alterou ao longo de mais de 10 anos e está crescendo agora. Da mesma forma, criamos novos espaços em que vale não só a densidade material e a argamassa, mas também a criação e integração entre sujeitos".

Foto: Edu Lauton/UnB Agência

 

RECURSOS - As novas instalações foram realizadas pela construtora Manchester com recursos exclusivos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O valor completo do prédio foi de R$ 6,7 milhões de reais, ao qual se somam ainda R$ 600 mil para equipamentos e mobiliários, já comprados, mas ainda não instalados.

 

Em seu interior, o prédio abrigará as secretarias de graduação e pós-graduação, salas de professores, salas de estudos e projetos, centros acadêmicos, laboratórios, espaço multimídia e auditório, o que totaliza 4.800 m² de extensão, destinados a atender cerca de 900 alunos. Alberto de Faria, diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), acredita ter conciliado padronização externa e personalidade interna na construção. "É o chamado sistema pré-fabricado, em que mantemos a 'casca' e trabalhamos o interior. O conceito foi valorizar o pátio interno, que remete às primeiras construções da UnB, e as pequenas salas, para abrigar a grande quantidade de laboratórios dos departamentos".

 

Ainda assim, a duração das obras extrapolou a previsão inicial, que era de um ano, em função de mudanças de concepção da arquitetura e problemas de logística da construtora, segundo Alberto de Faria. Esta se ocupava paralelamente de outras três grandes obras da Universidade, entre elas o Campus da Faculdade UnB Gama (FGA). Ao total, foram dois anos e meio de trabalho. A transferência definitiva ainda não tem data estipulada, mas deve acontecer entre o final de outubro e início de novembro. No subsolo antes ocupado, outras unidades devem se instalar. Permanece apenas o laboratório de informática, que não atende apenas os alunos do IE.

 

DEFASAGEM - Comemorações à parte, os representantes do IE não escondem algumas limitações da nova casa, especialmente em razão dos reforços em pós-graduação e extensão. "Embora contentes com as instalações, podemos dizer que elas já nascem defasadas, um pouco pequenas para nossas atividades. Os departamentos não cansam de crescer em ambição", afirma Díbio Leandro Borges.

 

"Houve uma expansão forte em pesquisa nesse meio tempo em que as obras estavam em andamento, somos produtores de informação que alimentam inclusive outros cursos da UnB", observou Maria Emília Machado, vice-diretora do IE. O Instituto mantém negociação com o Ceplan para que uma área equivalente a um os módulos centrais do ICC, algo em torno de 500 m², possa ser mantida para atender essa demanda. "Nossa satisfação é muito grande, mas temos que lutar e pleitear mais", projeta Noraí Rocco.

 

Sônia Báo se diz ciente da problemática futura e tenta enxergar o lado positivo. "Ironicamente, parece ser boa essa defasagem, uma vez que vai nos manter em diálogo contínuo com os departamentos. A expansão veio com qualidade e o próximo passo é a consolidação".

 

O reitor José Geraldo acrescenta: "a professora percebeu que assume agora herdando já problemas, porém "bons problemas", na medida em que estão inseridos em um conjuntura em que há mais abundância de recursos". Ele classifica como "sem precedentes" a colaboração do Reuni nas expansões físicas, que já totalizam 28% a mais de área edificada em relação a 2007. "O Reuni é expansão, mas também reestruturação. Dar respostas físicas em tijolos e em novos métodos pedagógicos".

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