GRADUAÇÃO

Evento reúne estudantes, professores, profissionais e pesquisadores do campo. Ao longo da história do curso, a UnB já formou mais de cem museólogos

 

Apresentação do conjunto de clarinetes da Orquestra de Sopros de Brasília abriu a cerimônia. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Memórias, histórias e recordações deram ao auditório do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB um clima nostálgico na noite desta segunda-feira (8), durante a abertura do I Encontro de Museologia da Universidade de Brasília. Com o tema Desafios de um campo interdisciplinar, o evento acontece em comemoração aos dez anos do curso de Museologia.

 

Entre os dias 8 e 10 de outubro, estudantes de graduação e de pós-graduação, professores, técnicos e pesquisadores discutem as principais abordagens do conhecimento museológico nas interfaces entre a pesquisa, a preservação e a comunicação. A programação inclui atividades diversas, como conferência, mesas temáticas e grupos de debate.

 

Para abrir o encontro, o som clássico do conjunto de clarinetes da Orquestra de Sopros de Brasília, que apresentou três canções. Além de gestores da UnB, a cerimônia teve a participação de representantes de instituições parceiras, como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Conselho Federal de Museologia (Cofem). Também estiveram presentes ex-coordenadores do curso de Museologia.

 

A representante do Ibram, Luciana Palmeira, relembrou o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que completou um mês no último dia 3. “É um momento de luto para a museologia, não só por conta da perda desse precioso acervo, mas também pela possibilidade de extinção do Ibram e instituição de uma agência de direito privado para gestão dos museus”, declarou.

 

Com relação às parcerias entre o Instituto e a UnB, Luciana disse que a formação qualificada possibilitou o aperfeiçoamento da área nos últimos anos. “O Brasil é referência internacional em museologia social e educação em museus. O Estatuto dos Museus foi criado um ano depois da instituição do curso na Universidade de Brasília e representa um marco para a preservação de nossa memória”, sintetizou a museóloga. 

Atual coordenadora, a docente Monique Magaldi agradeceu a todos que ajudaram a construir a história do curso. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Estudante do quarto semestre de Museologia, Newton Ribeiro é administrador aposentado, mas conta que resolveu fazer o curso porque sempre teve interesse pelas artes. “A museologia se encaixa nas minhas expectativas por ser um campo interdisciplinar por natureza. Sempre gostei de história da arte, azulejaria, prédios e arquitetura.”

 

Na visão do graduando, trata-se de uma área muito subestimada. “A memória é fundamental para criar a identidade, personalidade de um povo. A museologia não é uma ciência voltada somente ao passado, na verdade, ela se preocupa com o que vem pela frente também”, refletiu.

 

HISTÓRIA – Em 2006, um grupo de professores do Departamento de Ciência da Informação e Documentação (CID) desenvolveu a proposta de criação do curso de Museologia, atendendo à solicitação do Departamento de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Demu/Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura.

 

Aprovado em 9 de outubro de 2008, o curso foi concebido de modo interdisciplinar, resultado de um consórcio entre três áreas – História, Antropologia e Artes Visuais –, que até hoje compõem o colegiado. Mais de cem museólogos já se formaram na instituição.

 

A coordenadora do curso de Museologia da UnB, Monique Magaldi, informou que o bacharelado é resultado de muita batalha e que houve diversas tentativas anteriores. “Em 1969, a museóloga Lígia Martins Costa fez uma proposta, mas ela não foi levada adiante em função da ditadura militar”, afirmou.

 

Para marcar os dez anos da Museologia na UnB, foi exibido um vídeo com depoimentos, fotos e registros dessa história. Para a docente, o curso representa não só um ambiente formal de qualificação, mas um espaço de encontro. “Como formamos profissionais da cultura, é muito importante a perspectiva do afeto, o respeito ao outro e o diálogo construtivo”, opinou.

Professor Clovis Britto entregou homenagem do corpo docente do curso de Museologia a Celina Kuniyoshi. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

A reitora Márcia Abrahão foi uma das pessoas envolvidas na criação da graduação em Museologia. À época decana de Ensino de Graduação, Márcia contou que todos queriam fazer parte do novo curso. “Ele surgiu com uma proposta inovadora, seguindo a própria dinâmica da Universidade. O diferencial da formação da UnB é a possibilidade de construir um currículo único e transitar por diferentes áreas”, frisou.

 

HOMENAGEM – A primeira coordenadora foi também a presidente da comissão responsável pela elaboração e implantação do curso. Celina Kuniyoshi, professora já aposentada, recebeu homenagens do atual corpo docente. “Estou extremamente emocionada. É muito bom poder voltar a esse espaço para resgatar minhas memórias”, agradeceu.

 

Celina ministrou a conferência do encontro – Memórias dos dez anos do curso de Museologia na Universidade de Brasília – mediado pela professora Débora Santos. “Foi um período de muito trabalho e diálogo. Analisamos os programas curriculares dos cursos que já existiam no país e adequamos às características da UnB”, mencionou.

 

“Desde o início, a graduação da UnB em Museologia era considerada uma das melhores do país”, enfatizou. Para Celina, isso se deve ao projeto colaborativo, em que várias pessoas estiveram envolvidas.

 

Descendentes de japoneses, a pesquisadora deu um depoimento sobre a discriminação aos imigrantes, ressaltando a importância da preservação do patrimônio dos povos. “A primeira regra quando se trabalha com cultura é o respeito. Só assim é possível preservar os significados, emblemas e identidades de um povo."

Mesa da solenidade de abertura foi composta por Luciana Palmeira, do Ibram; Monique Magaldi, coordenadora do curso; Lígia Cantarino, diretora de Acompanhamento e Integração Acadêmica do DEG; reitora Márcia Abrahão; Rogério Araújo, vice-diretor da Faculdade de Ciência da Informação; João de Melo Maricato, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação; e Andrea Considera, representando o CFM. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

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