“Até que ponto a abelha está separada da flor? Seria um estudo botânico e outro zoológico? Na verdade, elas estão interligadas, em uma interação que constitui a ecologia. No olhar mais amplo, é o estudo da biodiversidade.” É com essa ilustração que Wagner Silva, biólogo e doutorando em Zoologia, chama atenção para interdisciplinaridade proposta no I Simpósio de Biodiversidade da Universidade de Brasília - Articulando Saberes Biológicos (SimBio). Aberto a toda comunidade, o evento acontece entre 17 e 20 de setembro.
Minicursos, palestras, mesas-redondas, apresentações orais e sessão de pôsteres integram a programação do evento. A inscrição custa R$ 10 e garante acesso a toda programação, exceto aos minicursos. Para participar deles, a inscrição fica em R$ 20. Cada pessoa só poderá participar de um minicurso.
O simpósio é organizado por acadêmicos de três programas de pós-graduação do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da UnB: Botânica, Ecologia e Zoologia. Juntas, essas subáreas compõem a área de Biodiversidade, de acordo com critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). "Nossa proposta é divulgar o que estamos desenvolvendo enquanto programa de pós-graduação e compartilhar a ciência entre os estudantes. Um simpósio com as três áreas também aprimora a integração do conhecimento", considera Wagner Silva, que integra a comissão organizadora do SimBio.
Palestrante do minicurso Base de Dados da Biodiversidade e Ferramentas para Análises Biogeográficas, o especialista em Ecologia Eduardo Amorim trará uma abordagem conceitual e prática sobre ferramentas digitais que reúnem dados sobre coleções de biodiversidade. "Hoje temos uma demanda crescente relacionada a esses bancos de dados. Por ser algo complementar, não é ensinado em uma disciplina específica da grade curricular. Mesmo assim, é um conhecimento indispensável.”
ATIVIDADES – Especialistas de renome no país e no exterior estão convidados para palestras e mesas-redondas. Já os minicursos serão ministrados, em sua maioria, por acadêmicos ou egressos da pós-graduação. Além de participar das atividades, os inscritos no simpósio têm oportunidade de apresentar seus trabalhos na sessão de pôsteres (para alunos de graduação e pós-graduação) e na apresentação oral (para alunos de pós-graduação).
Para apresentação oral ou sessão de pôster, é preciso submeter um resumo do trabalho até 17 de agosto, pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Após análise do resumo, a comissão organizadora do evento entrará em contato com o candidato informando se o trabalho foi aceito, recusado ou se necessita de correções.
O doutorando em Botânica Diogo Pereira reforça que a apresentação de trabalhos é um diferencial no currículo profissional e acadêmico.
“Para estudantes da graduação, é uma oportunidade de começar a aprender a controlar o nervosismo e falar em público. Nem sempre o estudante tem condições de participar de um congresso, até mesmo por conta dos custos. Aqui ele terá essa possibilidade por um valor simbólico."
Para Mayco Santos, também doutorando em Botânica, o simpósio pode proporcionar aos graduandos novas descobertas. "Muitos chegam à universidade sem gostar de Botânica. Depois descobrem que a área não é apenas identificar e catalogar plantas. Trabalhamos também com a parte molecular, citogenética, análise de dados geográficos. Então, o aluno começa a se interessar.”
Wagner Silva acrescenta que, para os acadêmicos da pós-graduação, o evento é uma oportunidade de compartilhar pesquisas e estabelecer novas redes de contato. Além disso, a iniciativa conta positivamente na avaliação feita pela Capes dos cursos de pós-graduação.
CONCURSO – Os participantes do simpósio podem concorrer a premiações ao participar dos concursos fotográfico e de ilustração científica. A proposta dessas atividades é divulgar, para além da linguagem científica, o que está acontecendo com a vegetação e com os animais. “Quando um pesquisador vai a campo, a primeira coisa que ele faz é tirar foto da paisagem. A beleza cênica dos ambientes é algo importante em nosso trabalho”, observa Mayco Santos.
Cada inscrito pode submeter até duas fotos e uma ilustração, todas de autoria própria e inéditas. As ilustrações devem ser feitas em nanquim, grafite ou aquarela. A submissão ocorrerá presencialmente no primeiro dia do evento e as ilustrações selecionadas serão expostas durante o simpósio. O autor do trabalho vencedor será premiado no último dia do evento. O prêmio ainda está em definição.
Para o concurso fotográfico, o trabalho deve ser submetido, até 10 de setembro, pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Serão selecionados três vencedores na categoria Professor George Eiten de Fotografia, por voto de comissão técnica; e um vencedor em cada uma das outras três categorias (Botânica, Ecologia e Zoologia), em escolha por voto popular. A honraria aos selecionados leva o nome de um dos maiores estudiosos do Cerrado brasileiro, o docente George Eiten, que deixou grande legado na UnB e recebeu o título de professor emérito da instituição.
"Hoje em dia, as revistas estão cada vez mais no meio digital. Isso abre mais oportunidade para fotos e ilustrações dentro dos artigos”, incentiva o doutorando Diogo Pereira. O acadêmico também menciona que, de acordo com as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica, a ilustração científica é uma obrigatoriedade para cada planta nova cadastrada. “É uma ótima oportunidade para valorizar o curso de ilustração científica que temos na UnB, além de valorizar a produção individual”, diz, em referência ao Núcleo de Ilustração Científica (NicBio), responsável por ilustrar o calendário da UnB 2018 com frutas nativas ou exóticas encontradas nos quatro campi.
EXPERTISE – Professora no departamento de Botânica do IB, Cássia Beatriz Rodrigues Munhoz destaca que o Brasil é signatário de vários protocolos internacionais de biodiversidade e que o simpósio é uma iniciativa importante para capacitar os estudantes na temática. Além do ganho em conhecimento científico, a docente valoriza a iniciativa como forma de treinamento profissional para os organizadores.
"Todo o simpósio está sendo organizado pelos alunos da pós-graduação. É uma maneira de treiná-los na organização de eventos, levantamento de recursos e formação de networking, que também são habilidades exigidas de nós enquanto pesquisadores, no papel de reunir e divulgar o conhecimento científico." O simpósio foi contemplado com edital da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).
Todos os inscritos receberão certificado de participação. Inscritos em minicurso ou que farão apresentação oral ou de pôsteres receberão certificado adicional. Mais informações podem ser obtidas na página do simpósio na internet.