OPINIÃO

Carlos Potiara Ramos de Castro é jornalista, professor visitante da Faculdade de Comunicação (FAC) e do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) da Universidade de Brasília e do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Graduado em Comunicação Social, mestre em Ciência Política pela Universidade de Paris 8, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas e pós-doutor no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (Ceppac) da Universidade de Brasília. Foi pesquisador visitante do Brazil Center e da Lindon B Johnson School of Public Affairs da Universidade do Texas em Austin, pesquisador do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) da Organização das Nações Unidas, atuou na Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente com cooperação internacional, sobretudo com as Convenções sobre Diversidade Biológica e do Clima. Suas atividades são nas áreas de ciência política, relações internacionais,comunicação social e meio Ambiente.

Carlos Potiara Costa

 

O papel que a Amazônia desempenha, isoladamente, na política externa brasileira em fóruns ambientais globais é mais importante do que se poderia imaginar. E isso tem uma razão de ser. O Brasil é o país mais biodiverso do mundo. Estimativas do professor Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas, mostram que temos no território nacional 13,1% de todas as espécies vivas do planeta, em particular na região norte.

 

A tabela abaixo dá uma dimensão da importância das florestas tropicais brasileiras e em particular da amazônica.

 

Tabela 1: Área de floresta tropical, por país

  País Superfície (em hectares)
1 Brasil
(Amazônia, território florestado original)
519.191.600
(~ 420.000.000)
2 República Democrática do Congo (RDC) 199.224.000
3 Indonésia 160.978.300
4 Colômbia 81.779.000
5 Peru 78.069.510

 

 Fonte: Site Mongabay.org, 2016

 

Por esse motivo o país é conhecido como o G-1 da biodiversidade, o que lhe confere respeito e acesso a recursos e doações provenientes da cooperação internacional. Mas isso não expressa o resultado de uma prática, ou seja, de ações promovidas pela sociedade. A segunda grande floresta tropical brasileira, a Mata Atlântica, possui apenas 7,0% de seu território original remanescente. Sendo que uma parte significante está protegida porque é de difícil acesso, em regiões da Serra do Mar. E o processo de desmatamento continua ocorrendo.

 

O caso é que temos um problema sistêmico no Brasil com relação a questões ambientais, que coloca em dúvida a visão que transmite. Hoje, cerca de 34% do Cerrado ainda está conservado. Mas é preocupante o ritmo de sua transformação, que já chegou a 2% ao ano, em sua maior parte para plantio de grãos.

 

Nesse contexto, temos uma situação em que o Brasil chega a se assemelhar com países considerados vilões ambientais. E a Amazônia, dada sua dimensão, acaba servindo como um biombo que esconde a rapidez da degradação que os grandes vetores do desmatamento produzem em todo o território nacional.

 

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