Professores, técnicos e estudantes da Faculdade de Medicina (FM) receberam, na última sexta-feira (6), a visita de representantes da administração superior, dando sequência aos encontros realizados pela Reitoria em unidades acadêmicas. Na conversa, apresentaram demandas de infraestrutura e pediram mudanças na regulamentação da dedicação exclusiva de docentes. Também discutiram a saúde mental da comunidade e as ferramentas para a melhoria do acolhimento a alunos indígenas.
“Nosso desafio principal em termos acadêmicos é a implantação do novo currículo, cuja principal inovação é garantir aos estudantes habilidades e competências para que saibam não apenas cuidar do outro, mas também de si”, disse o diretor da FM, Gustavo Romero. Na parte de infraestrutura, ele destacou problemas associados à falta de manutenção do prédio ao longo dos anos. “O subsolo é a parte mais crítica, porque temos uma rede elétrica obsoleta e dificuldades com a drenagem de águas pluviais.”
Um dos setores mais críticos é a área de morfologia da unidade. “Recebemos cerca de 450 alunos por dia e a ventilação é precária. Os estudantes perguntam se podem trazer ventiladores e não sabemos o que responder”, comentou a professora Selma Kuckelhaus. “Muitos aparelhos de ar-condicionado estão instalados, mas não têm o suporte elétrico para funcionar de fato. Temos dificuldades para nos concentrar”, acrescentou o estudante do quinto semestre Jônatas Ferreira Barros.
PRIORIDADES – O diretor da FM informou que, na última semana, teve uma reunião com a Prefeitura da UnB para o estabelecimento de ações prioritárias. “A conversa foi muito produtiva. Eles nos pediram a priorização das necessidades, porque não teremos dinheiro para fazer tudo”, relatou. A instalação de aparelhos de ar-condicionado na área de morfologia será uma das principais questões a serem analisadas.
A reitora Márcia Abrahão explicou que, desde junho, os serviços de manutenção predial da Universidade estão funcionando sob uma nova lógica. “Não é mais como antes, em que o prestador de serviço vinha à unidade para resolver um problema específico e deixava outros para trás. Agora está tudo integrado. Precisamos ainda mudar a cultura da comunidade, incluindo a PRC”, disse. Ela também lembrou que a realização das obras passou a ser discutida nos órgãos colegiados, a partir de critérios de priorização e considerando a disponibilidade orçamentária.
“No plano de obras de 2019, nos comprometemos a fazer o prédio da FM, um edifício dentro da realidade possível, mas que certamente vai melhorar as condições de trabalho e estudo de todos”, comentou a reitora. Ela destacou ainda o aumento de 20%, em média, do orçamento destinado às unidades acadêmicas. “Mesmo com o recente retorno orçamentário de 30%, determinado por conta do bloqueio que ainda sofremos por parte do governo federal, muitas unidades estão com o orçamento maior.”
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA – Outro tema trazido pela comunidade da FM foi sobre as atuais limitações do regime de dedicação exclusiva dos docentes. A regulamentação atual da UnB não permite que o professor com contrato de 40 horas semanais se dedique a outras atividades fora da Universidade. “Mas isso é muito complexo na medicina. No meu caso, por exemplo, como vou ensinar os estudantes a fazerem psiquiatria se não tenho essa prática lá fora?”, questionou o professor Lucas Alves Oliveira.
A reitora informou que o assunto está no radar do vice-reitor, que preside o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). “Os normativos precisam ser modernizados, ainda mais ao analisarmos a área de vocês. Brasília tem recebido muitas filiais de hospitais importantes e, se não resolvermos isso, vamos acabar perdendo profissionais excelentes para o mercado lá fora”, ponderou.
O professor Lucas, formado na Universidade de São Paulo (USP), comentou que, a despeito dos muitos avanços ainda necessários, a UnB tem adotado ações de impacto no tema da saúde mental. “A FM está muito à frente nas discussões sobre o assunto, se comparada a outras universidades”, ressaltou. Recentemente, a Universidade criou a Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária, no Decanato de Assuntos Comunitários (Dasu/DAC), já com ações como a roda de terapia comunitária.
INDÍGENAS – O técnico Ednei Carvalho dos Santos externou preocupação com o acolhimento de estudantes indígenas na Universidade. “Recebemos muitos estudantes indígenas, que enfrentam os inúmeros desafios de virem para uma cultura letrada e elitista”, pontuou.
O decano de Ensino de Graduação, Sérgio de Freitas, destacou que a Universidade foi pioneira no vestibular indígena, mas que o processo seletivo esteve paralisado por quase quatro anos, tendo sido retomado em 2018. “As políticas de acolhimento também foram restabelecidas e aprimoradas desde então”, frisou.
A principal delas é o Projeto Raízes, que seleciona, a cada semestre, tutores para acompanhamento de estudantes indígenas, estrangeiros e refugiados. “Precisamos do apoio de vocês para a divulgação dessa iniciativa, para atrair interessados.”
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