QUALIDADE

Assunto foi discutido em fórum nessa terça-feira (13). Desconhecimento e falta de adesão da comunidade foram apontados como desafios para a UnB

 

Resultados de estudos relacionados à avaliação institucional na educação superior foram apresentados durante o evento. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A autoavaliação é importante instrumento para acompanhar o desempenho e a qualidade das instituições de ensino superior. A Universidade de Brasília é uma das precursoras na adoção da estratégia no âmbito da educação superior. No entanto, a compreensão, pela comunidade acadêmica, da importância da ferramenta e da apropriação de seus resultados são avanços ainda necessários à instituição para que a avaliação interna exerça seu papel formativo.

 

A constatação é de uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação, apresentada na última terça-feira (13), durante o V Fórum de Avaliação Institucional da UnB. O evento foi realizado no auditório verde da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (Face). Desenvolvido por Lukelly Amaral, professora da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF), o estudo evidencia critérios a serem melhorados nas etapas de preparação, desenvolvimento e consolidação da avaliação na Universidade.

 

Atualmente, o processo é realizado a partir da aplicação de questionários entre os segmentos universitários. Entretanto, o desconhecimento sobre a ferramenta, a falha na sensibilização dos campi quanto ao tema e o desinteresse da comunidade em colaborar com a pesquisa, por não se ver nela representada – fator que gera baixa taxa de respondentes –, são alguns dos problemas identificados pela pesquisadora para garantir a efetividade do mecanismo.

 

“O grande desafio é aumentar essa porcentagem de participação na avaliação. Para isso, é necessário dar visibilidade aos resultados e à atuação da Comissão Própria de Avaliação (CPA)”, alegou. Ela destacou, ainda, deficiências na adoção de ações em benefício da instituição e na divulgação do relatório com os dados sistematizados, devido à falta de objetividade e reflexão sobre essas informações.

 

Para traçar o panorama, a pesquisadora analisou documentos oficiais sobre os procedimentos de avaliação institucional, como a própria normativa do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Além disso, ela entrevistou pesquisadores da área e membros de cada segmento representativo da CPA, instância responsável por coordenar a aplicação dos instrumentos na Universidade. Os dados analisados são referentes a 2015. 

Lukelly Amaral analisou significado da autoavaliação para comunidade da UnB e conformação do instrumento às dimensões do Sinaes. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Hoje integrante da CPA, Lukelly Amaral reconhece que, pouco a pouco, a comissão vem fortalecendo sua atuação na Universidade, o que tem se refletido em uma equipe mais consolidada e na promoção de ações que favoreçam a aproximação da comunidade, como a realização de discussões, junto às unidades acadêmicas, sobre a autoavaliação. “Tenho certeza que a CPA está amadurecendo e contribuindo com melhorias para a Universidade”, reforçou.

 

A decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO), Denise Imbroisi, também compartilha da visão. Apesar dos desafios, ela acredita no empenho da instituição para avançar nesse sentido. “Temos uma comunidade de quase 60 mil pessoas. Para que ela se sinta representada e contemplada nas autoavaliações, temos um longo caminho pela frente no processo de fortalecimento da iniciativa”, pontuou durante as discussões.

 

QUALIDADE DAS AVALIAÇÕES — A validade dos testes educacionais, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), foi outro assunto abordado no evento. “Os testes educacionais são utilizados para calcular indicadores que servem como indutores de políticas públicas. No caso da educação superior, esses questionários são adotados no cálculo do Conceito Preliminar de Curso (CPC)”, explicou a professora Girlene Ribeiro, da Faculdade de Educação.

 

Segundo a docente, apesar de os testes darem base para a construção dos indicadores de qualidade da educação superior, adotados como critério para monitoramento e regulação dos cursos de graduação, é preocupante a ausência de padrões para verificação da qualidade dessas avaliações no Brasil.

 

A conclusão é também trazida em pesquisa recente, coordenada pela professora, sobre a validade dos conteúdos da prova do curso de Psicologia no Enade. O estudo identificou que a maior parte das questões da prova aplicada em 2015 apresentaram conteúdos com baixa demanda cognitiva, o que não atende aos critérios que o teste se propõe a avaliar.

 

“Não foi possível relacionar cada questão às habilidades propostas na matriz de referência, devido à divergência com o processo cognitivo. Cobra-se muito mais conteúdo, do que competências e habilidades específicas”, analisou a docente. Ela sinalizou a necessidade de se reformular a avaliação dos cursos de forma a considerar aspectos relevantes para o desempenho dos estudantes.

 

Pesquisadores também discutiram, em mesa-redonda, os resultados de investigações sobre a autoavaliação em instituições privadas de ensino superior do Distrito Federal e em universidades federais brasileiras. O público pôde participar direcionando perguntas aos convidados.

 

FÓRUM — Organizado pela CPA, o V Fórum de Avaliação abriu espaço para debate sobre temas relacionados à avaliação institucional na educação superior, dando destaque à análise de qualidade desses instrumentos para garantia de sua efetividade.

 

Presidente da comissão, Cláudia Griboski acredita que o evento consolida a promoção de reflexões sobre o papel dessas estratégias institucionais e da construção de ações que proporcionem avanços para a Universidade. “A CPA tem feito esse trabalho de acompanhar o desenvolvimento dos cursos a partir das avaliações interna e externa, e  colocar-se à disposição para que esse debate aconteça permanentemente em toda a instituição”, afirmou durante a abertura.

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