OPINIÃO

 

André Reis da Silva Gomes é graduado em Comunicação Social com habilitação em audiovisual pela universidade de Brasília e atua como tecnólogo em produção audiovisual na Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília.

André Reis da Silva Gomes

 

O RPG, sigla para Role Playing Game, ou em bom português, Jogo de Interpretação de Papéis, é um jogo em que os jogadores assumem o papel de personagens em uma história fictícia. Geralmente, a narrativa é criada por um dos jogadores, que assume o papel de narrador e juiz das regras, enquanto os outros jogadores, através das ações com seus personagens, colaboram com desenvolvimento da história. O RPG é um resgate da experiência coletiva de contar uma história. Diferente de outras mídias, como filmes e séries, que são experiências mais passivas, no RPG a interatividade é fundamental, pois as escolhas dos jogadores moldam a história.

 

Não existe uma tela, e mesmo quando há o uso de suportes físicos como mapas e miniaturas, a ação acontece na imaginação dos jogadores. No RPG não há vencedores ou perdedores, o objetivo final é a diversão, é juntar um grupo de amigos para contar juntos uma história. Algumas podem se estender por anos, algumas poucas, décadas. Não é incomum que os personagens se tornem velhos amigos, e os seus feitos são contados como histórias da turma.  


O mais antigo, e mais conhecido, dos jogos de RPG,  Dungeons and Dragons, também conhecido como D&D, cujo título poderia ser livremente traduzido para Masmorras e Dragões foi criado por Gary Gygax e Dave Arneson e publicado pela primeira vez em 1974. Descende dos jogos de tabuleiro de guerra, os wargames, Dungeons and Dragons foi fortemente influenciado pela obra de fantasia fantástica de J R R Tolkien. Em suas campanhas, como são chamadas as histórias em D&D, encontramos arquétipos da fantasia fantástica como magos, elfos, guerreiros, anões e, é claro, dragões. Num grupo de D&D, cada classe, a profissão do seu personagem, tem uma função, e o trabalho em equipe é fundamental para superar os maiores obstáculos.


Jogar RPG no Brasil entre o final da década de 1980 e começo da de 90 não era fácil. Os livros não eram publicados no Brasil, toda uma geração foi apresentada ao jogo por meio de fotocópias da edição básica de Dungeons and Dragons em português de Portugal, ficando conhecida como geração Xérox. Os jogadores que queriam se aprofundar mais no hobby precisavam buscar livros em inglês, o que fez com que o jogo se tornasse a porta de entrada para o estudo do idioma por inúmeros jogadores. O meu primeiro contato com o jogo, aos 12 anos, me levou para um curso de inglês ainda no mesmo ano. Conhecendo o hobby tão novo, posso dizer que o RPG é uma parte importante da minha formação. Em 2022, o nosso grupo completa 30 anos jogando D&D. Alguns de nós já têm filhos da idade que tínhamos quando começamos a jogar. O RPG manteve unido um grupo improvável de garotos com interesses distintos que seguiram caminhos diferentes na vida adulta. Posso dizer, sem exagero, que ao longo de inúmeras tardes e incontáveis pizzas aquele grupo de meninos, entre pilhas de livros e dados, se tornaram irmãos.


O ambiente universitário é por excelência um ambiente de troca de ideias, de contato humano, algumas amizades feitas nesse período podem perdurar por toda a vida, mas ao mesmo tempo, também é o início de uma nova fase, perde-se o contato diário com os amigos da escola, em alguns casos o estudante pode se mudar de cidade durante a graduação. O Espaço Pop, localizado na BCE, é um ambiente lúdico, que estimula atividades agregadoras como jogos de tabuleiro e RPG e um grande acréscimo para a Universidade. É um espaço aberto para conhecer pessoas, esquecer um pouco a dureza do dia a dia, conversa sobre cultura pop, fazer novas amizades e, porque não, se um juntar a outras pessoas para contar uma história juntos. Contar histórias tem tudo a ver com uma biblioteca. E, com um pouco de sorte, você pode fazer algumas amizades para vida.

ATENÇÃO – O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor, expressa sua opinião sobre assuntos atuais e não representa a visão da Universidade de Brasília. As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seu conteúdo.