OPINIÃO

Rafaella Lira de Vasconcelos é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UnB e membro da equipe técnica-pedagógica de Arte-Educação da Gerência de Educação Ambiental, Patrimonial, Língua Estrangeira e Arte-Educação (Geapla), da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.

Rafaella Lira de Vasconcelos

 

No dia 20 de novembro de 2021, a Escola Parque da 307/308 Sul comemora o seu aniversário de 61 anos. Nesse ensejo, além de celebrarmos a trajetória dessa instituição pioneira nas experiências pedagógicas em arte e na educação do corpo na Capital brasileira, somos convidados a conhecer um pouco mais sobre o ideário pedagógico e filosófico que deu origem as Escolas Parque de Brasília.


Essas instituições nasceram da proposta idealizada pelo educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971) em seu Plano de Construções Escolares de Brasília (TEIXEIRA, 1961). O plano de Teixeira (1961) se alinhava às ideias pragmatistas do filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952).


A proposta que envolve as Escolas Parque de Brasília teve como ponto de partida o projeto de Teixeira em Salvador, em 1950, com o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, conhecido como Escola Parque da Bahia. Nessa iniciativa, ele concebeu a educação como um caminho viável para a materialização de uma sociedade mais harmoniosa e compatível com as transformações que se pretendia a partir da industrialização (VASCONCELOS E WIGGERS, 2020).


Para Brasília, Teixeira (1961) vislumbrava que, além de um modelo educativo, era preciso delinear uma arquitetura escolar articulada aos ideais de renovação pedagógica, capaz de romper com os modelos tradicionais e estimular as práticas democráticas, as experimentações e problematizações do cotidiano infantil (FREITAS E ROCHA, 2020).


Nesse sentido, o Plano de Construções Escolares se alinhou ao projeto urbanístico de Lucio Costa para a cidade, pensando a escola como agente polarizador da convivência social (VASCONCELOS, 2011), capaz de entrelaçar espaço, indivíduo e aprendizagem.


No intuito de contemplar a educação integral dos estudantes, Teixeira propôs a criação dos Centros de Educação Elementar que deveriam compreender pavilhões para o jardim de infância, as escolas classe e as escolas parque. Esse arranjo seria como uma “Universidade Infantil” (TEIXEIRA, 1961) que ofereceria variedade de currículos e programas.


Envolta nesse plano se erige a Escola Parque da 307/308 Sul. O conjunto arquitetônico dessa instituição foi projetado por José Reis e comporta salas de aulas, oficinas, auditório e vestiário, além de espaços para as atividades esportivas, de socialização e recreação.
A robustez desse ideário se projetou como uma nova perspectiva pedagógica para a educação nacional e a Escola Parque da 307/308 Sul, em seu pioneirismo e receptividade para com os cidadãos que chegavam das diferentes regiões do país e do mundo, se estabeleceu como um lócus de entrelace de culturas e construtor de uma identidade para a cidade de Brasília.


Na atualidade, a instituição atende diariamente aos estudantes de 4 Escolas Classe da Regional do Plano Piloto, em regime intercomplementar, perfazendo um total de dez horas diárias. Além das atividades de Arte e Educação Física, as crianças contam com momentos destinados à alimentação, higiene, socialização e descanso.

 

 

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