OPINIÃO

Mariza Veloso é professora do Departamento de Sociologia, UnB, pesquisadora das áreas de Sociologia Brasileira, Sociologia da Cultura e Sociologia dos Intelectuais.

 

Maria Francisca Pinheiro Coelho é professora titular do Departamento de Sociologia, UnB, pesquisadora das áreas de Sociologia Política, Sociologia da Educação e Sociologia da Juventude.

Mariza Veloso e Maria Francisca P. Coelho

 

Lourdes Bandeira, colega do Departamento de Sociologia, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília, morreu no dia 12 de setembro de 2021. Gostaríamos de prestar uma homenagem póstuma a essa grande mulher e agradecer pela sua convivência como docente, por 30 anos na UnB. Natural de Ijuí (RS), Lourdes formou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tinha mestrado em sociologia pela UnB (1975-1978) e doutorado em antropologia pela Université René Descartes, em Paris. Fez pós-doutorado, em Sociologia do conflito, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, também na capital francesa.


Desde 2005 era professora titular do Departamento de Sociologia da UnB. Coordenava o Nepem (Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher) e era membro do Conselho de Direitos Humanos da Universidade de Brasília. Participou de três gestões na Secretaria de Políticas Públicas das Mulheres, governo de Lula e de Dilma, e foi coautora na formulação da Lei do Feminicídio, que julga crimes praticados por questões de gênero pelo fato da vítima ser mulher. O Brasil tem uma enorme repercussão internacional pelo impacto dessa lei que, de fato, visa garantir o direito universal da igualdade de todos perante a lei, destacando a necessidade de uma lei específica de proteção da mulher contra o crime de feminicídio.


Com estudos nessa área, Lourdes atualmente desenvolvia projetos de pesquisa sobre o Feminicídio no Brasil e Relações de cuidado e cuidadoras nas redes interinstitucionais de apoio às mulheres vítimas de violência. Nesse tema, em 2018, realizou um pós-doutorado na cidade de Porto, Portugal, e nos deixou um livro inédito, com estudos de casos sobre a violência contra a mulher, obra que resumirá seu legado na luta pelos direitos de igualdade das mulheres e contra o machismo estrutural existente no Brasil.


Em sua carreira universitária, Lourdes Bandeira também se notabilizou pela sua atividade de docência e de orientação, tendo durante seus 44 anos como professora universitária, primeiro na Universidade Federal da Paraíba e depois na UnB, realizado mais de 110 orientações de mestrado e doutorado. Ela nos deixou um livro pronto, como legado de suas pesquisas, e ganhou o título de professora emérita da UnB (sua aposentadoria foi em 14/10/2020) que receberia nos próximos dias, mas que acreditamos será dado em memória.


Falar de Lourdes Bandeira, amiga querida e colega do Departamento de Sociologia desde 1991, quando foi transferida da Universidade Federal da Paraíba para a UnB. É uma tarefa fácil e difícil. É fácil porque falar de uma pessoa tão plena que muito realizou tanto na vida pessoal e nas atividades acadêmicas quanto em outras diversas instituições públicas onde atuou.


Por outro lado, é difícil porque trata-se de um ser humano complexo e rico que além de mulher, mãe, socióloga, feminista, lutadora em defesa do amplo espectro que compõe os direitos humanos havia um ser humano bonito, solidário, de extrema delicadeza. Portava um profundo sentido humanitário e respeitoso em relação ao OUTRO, qualquer que fosse sua condição e posição no mundo.


A grandeza e dignidade da professora Lourdes Bandeira, como era conhecida nacional e internacionalmente, irrompia em todas as suas atitudes, das mais cotidianas até as mais excepcionais, como o modo de relacionamento com os funcionários, alunos e professores dentro da UnB, até suas vinculações fora da academia com o Ministério Público, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, entre outros.

 

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