OPINIÃO

 

 

Cássio Costa Laranjeiras é secretário Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência do DF (SBPC DF) e professor associado do Instituto de Física da Universidade de Brasília.

 


Gilberto Lacerda Santos é coordenador da Rede Distrital de Educação e Divulgação Científica (RedeCIÊNCIA) e professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

Cássio Costa Laranjeiras e Gilberto Lacerda Santos

 

Hoje, 4 de novembro, marca os 28 anos de criação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, a nossa FAPDF. Instituída pela Lei n° 347/1992 e vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, a FAPDF consiste em uma fundação pública, com autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, que foi criada com a finalidade de viabilizar as ações de Ciência, Tecnologia e Inovação em prol do desenvolvimento sustentável do Distrito Federal. Sua criação se deu em decorrência de um forte ativismo da comunidade acadêmica e científica local e alçou o Distrito Federal ao rol das unidades da federação que não apenas reconhecem o papel fundamental e estratégico de seus dispositivos de ensino e de pesquisa científica e tecnológica, mas que também os fomentam na perspectiva de promover a geração de inovação e a formação de novos quadros qualificados para todas as áreas de conhecimento.

 

Nesta perspectiva, a FAPDF tem a missão imprescindível de acompanhar as demandas da comunidade científica e acadêmica do Distrito Federal e vinculá-las às necessidades e desafios mais prioritários para seu desenvolvimento sustentável. Assim, ao longo de suas quase três décadas de existência, os recursos da FAPDF – sempre na mira de interesses de toda natureza – contribuíram para que o Distrito Federal se tornasse um dos mais importantes polos de produção de ciência e tecnologia do país, com o maior número de doutores per capita e com um promissor ecossistema de inovação, suscetível de beneficiar a toda a população. Seu orçamento, assegurado por lei orgânica distrital, fomenta projetos de pesquisa inovadores, promove circulação nacional de internacional de pesquisadores, financia bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado, permite a aquisição de insumos para a pesquisa e promove iniciativas diversas que geram conhecimento, inovação, emprego e renda.

 

Também ao longo do tempo, temos testemunhado a diminuição da capacidade operacional da fundação, o que limita sua ação de amparo à pesquisa e impossibilita a aplicação plena de seu orçamento de acordo com o que preveem suas finalidades. Ano após ano, temos visto recursos do orçamento da FAPDF serem devolvidos ao Tesouro Distrital por impossibilidade de serem empenhados e investidos nos fins a que se destinam. E a cada ano assistimos a um movimento irresponsável que busca diminuir tal dotação orçamentária ao invés de pleitear o reforço da fundação e de seus quadros.

 

Precisamos defender a nossa FAPDF, patrimônio de todos os brasilienses, e pleitear que seus princípios, missão e objetivos sejam respeitados, que sua capacidade operacional seja reforçada, que seu orçamento seja, de forma inegociável, aplicado no sistema distrital de ensino e pesquisa científica e tecnológica. Conclamamos a Câmara Legislativa do Distrito Federal e os atuais gestores de nossa capital a assegurarem, de forma permanente, as condições de funcionamento e de financiamento da fundação, conquistadas por todos nós em prol do desenvolvimento local. Mais do que nunca, precisamos de uma FAPDF forte, estável e que tenha no apoio à pesquisa um compromisso inegociável, protegido de articulações políticas oportunistas e de intenções que a desviam de suas metas.

 

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Publicada originalmente no Correio Braziliense em 4/11/2020.

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