OPINIÃO

Priscila Rossinetti Rufinoni é professora do Departamento de Filosofia da UnB. Graduada em Filosofia pela USP e em Artes pela Unicamp, é mestre em Artes e doutora em Filosofia, ambos pela USP. Editora da revista Temporal - prática e pensamento contemporâneos. Atua nos temas Filosofia da Arte, Estética, Ética e Modernidade.

Priscila Rossinetti Rufinoni

 

Neste ano cáustico, quente em muitos sentidos, rememora-se a figura intelectual de Mário Pedrosa, cujo nascimento completa 120 anos. Mas, fora das disciplinas específicas, e da disciplinaridade opressiva dos nossos departamentos, fora dos núcleos mais politizados, pouco ou nada se sabe de quem foi tal personagem. Esta é aqui a nossa questão, como, em nossa nova-velha universidade, continuamos inorganicamente discutindo sempre com um interlocutor externo, sem nunca conseguir construir um debate minimamente qualificado a partir de nossos próprios pensadores. Aliás, a ideia de civilização-oásis, inorgânica e não ligada à cultura, ao cultivo, era uma das apostas de Mário Pedrosa – à época com algum acento otimista – ao falar do transplante de uma cidade moderna, Brasília, para o centro do Brasil, tal como um aeroplano sobrevoando espaços.

 

Ainda, cobrindo espaços que permanecem a nós desconhecidos, apenas transplantamos, de tempos em tempos, os debates para dentro de nossa comunidade? Não seria importante, contra essa arraigada forma mental de sempre pular as etapas em busca da última moda internacional, tentar pensar a partir do próximo, do mais específico, construindo não pontes aéreas, mas caminhos pedestres de pensamento?

 

Falando de outro modo, por que ler Mário Pedrosa hoje, fora das disciplinas circunscritas, como um pensador relevante para a história, a filosofia, a política, a estética?

 

Autor profícuo, foi desde o historiador que pensava o fascismo e a guerra na coloração local do getulismo, até o militante que lutou contra as ditaduras e ajudou a fundar um partido político, o PT. Foi o introdutor tanto das teorias da psicologia da forma, Gestalt, no Brasil, quanto do trotskismo. É esse autor que hoje se rememora no evento patrocinado pelo VIS UnB, pela USP e pela Fundação Perseu Abramo, pensador cujo escopo intelectual muito deveria ter a dizer sobre nosso passado recente e sobre os desdobramentos deste nos arcaísmos do presente em que vivemos.

 

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