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OPINIÃO

Luiz Alberto de Campos Gouvêa é professor da Universidade de Brasília. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (1979), mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (1988), doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1995) e pós-doutorado pela Universidade Politécnica da Catalunha (1999). Tem experiência na área Desenho Ambiental Urbano e de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Estudos da Habitação.  

Luiz Alberto Gouvêa 

 

A cobiça aos bens da Amazônia brasileira não é mais algo velado ou fruto da ação de ONGs, aparentemente, não governamentais. Hoje a cobiça às riquezas e mesmo ao território já são objeto de reuniões dos países mais industrializados do mundo o G7. As desculpas são as mais variadas como os incêndios sazonais, as pressões para demarcações de terra programadas para dificultar a produção na região, a preservação do meio ambiente. Informação equivocada como de que a Amazônia é o pulmão do mundo, quando se sabe que são os oceanos, que tem esse papel, são veiculadas nas redes sociais como verdades absolutas, para justificar as pressões internacionais. Fica claro, que não estão preocupados com o “bem da Amazônia e sim dos seus bens” (Enéias Carneiro). Esquecem os que a cobiçam que em seus países as grandes florestas há muito já deram lugar aos parques industriais, que por sinal geram mais empregos e renda para a população dessas regiões.


O Brasil, apesar de alguns fazendeiros e madeireiras, muitas delas estrangeiras, de fato preserva uma floresta do tamanho de quase cinco Franças. É certo também, que uma área tão grande não se sustenta econômica e socialmente, no mundo de hoje somente com árvores. São necessárias ações sustentáveis para que a mata gere, também, beneficio sociais/riqueza para quem vive nela. A ocupação das áreas férteis da Amazônia por milhares de famílias sem terra é uma imposição. Programas de assentamento sustentáveis com a assistência técnica da Embrapa e das universidades amazônicas são importantes para o sucesso dessa ocupação social. A criação e expansão de zonas francas com a fomentação de pólos tecnológicos e industriais são outra ação necessária. Com eles a expansão das cidades amazônicas de forma sustentável e inovadora (cidades verticais compactas acima da floresta: por exemplo) contribuiriam para a redução do déficit habitacional no país. As Universidades Federais e as empresas de pesquisa como a Embrapa poderiam apoiar estes programas com projetos sobre a Amazônia, em todas as áreas do conhecimento, recebendo incentivos do CNPq, da Capes e dos “recursos contigenciados” do Ministério da Educação, do Ministério de Tecnologia entre outros.


A transferência de parte da frota da Marinha estacionada no Rio de Janeiro para Belém, também, ajudaria a ocupar estrategicamente a entrada do o rio mar – o Amazonas. A criação de um arsenal naval para construção e reparos de navios fluviais seria a contribuição original da inteligência nacional, para adequar a frota às necessidades da região. Os vários quartéis do Exército, que sobram no Rio de Janeiro deveriam ser estrategicamente colocados na fronteira da Guiana Francesa e outras que de fato oferecem risco. Assim, como aumentar o efetivo da Força Aérea na região. A integração com o Centro-Oeste pelas estradas e principalmente, pelas estradas naturais – os rios, para o escoamento da produção agropecuária para o Hemisfério Norte poderiam criar um ciclo de prosperidade para a população dos estados brasileiros na Amazônia, que dispensaria as esmolas internacionais. Da mesma forma, que o deslocamento periódico da sede do governo para a Amazônia daria à população a noção física de que o governo está cuidando da região, como fazia Juscelino, na construção de Brasília.


Finalmente, urge uma reunião de todas as nações amazônicas Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e Brasil, num Pacto da Floresta, que tenha o objetivo de desenvolver a região, numa perspectiva econômica sustentável, defendendo coletivamente a soberania dos países membros, antes que a floresta “acabe” nas mãos de outros.

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