OPINIÃO

Professor emérito da Universidade de Brasília e pesquisador emérito do CNPq.

 

Roque de Barros Laraia¹

 

A Universidade de Brasília lamenta o falecimento da professora doutora Mireya Soarez (1939-2019), ocorrido em sua residência no dia 7 de maio.

 

A professora Mireya nasceu no Panamá, realizou o seu curso de graduação em Antropologia na Escuela Nacional de Antropologia e Historia, na cidade do México (1959-1963), onde também obteve o grau de mestre em Antropologia (1969). Nesse mesmo ano, foi contratada pelo Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília. É preciso destacar que chegou em um momento de reconstrução da Universidade de Brasília, que ainda estava abalada pela crise de 1965, quando o regime militar demitiu 19 de seus mais importantes professores, acarretando o pedido de demissão de cerca de 200 outros. Em muitos casos, as vagas decorrentes do êxodo de docentes foram preenchidas por pessoas com qualificação docente insuficiente.

 

Na gestão do reitor Caio Benjamin Dias, iniciou-se um processo de reformulação dos cursos de graduação. No curso de Ciências Sociais, muitas novas disciplinas foram criadas e modificados os números de créditos necessários para a graduação. Foi, então, que a professora Mireya teve um papel importante encarregando-se da criação de diversas disciplinas além de Introdução à Antropologia e Antropologia Cultural –, como Antropologia Rural, Sociedades Camponesas. A partir dessa época, tornou-se uma incansável batalhadora pelos direitos da mulher, ocupando os meios de comunicação para denunciar o feminicídio. Na década de 80, usufruiu licença para fazer o seu doutoramento em Sociologia Rural na Cornell University, sob a orientação do dr. Milton Barnnet, em 1989. Nessa década, realizou trabalho de campo em frentes de expansão da sociedade rural no norte do estado do Mato Grosso. Ainda na década de 80, foi nomeada consultora da Unicef.

 

A partir dos anos 90, concentrou as suas atividades na criação do NEPeM, um núcleo de pesquisas e estudos relativos às violências cometidas contra a mulher, contando com a participação de Lia Zanotta e Lourdes Bandeiras, entre outras.

 

Em função de uma grave enfermidade, passou os últimos anos de sua vida reclusa em sua residência, mas demonstrando para os seus visitantes uma constante preocupação com os temas a que se dedicou em sua carreira.

 

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¹Professor emérito da Universidade de Brasília e pesquisador emérito do CNPq.

 

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